Neste domingo (27), em Brusque, Santa Catarina, o evento de celebração dos 100 anos da RenauxView, uma indústria de tecidos que fornece para marcas de moda, acabou se tornando um momento de defesa da indústria brasileira. Um dos que abordaram o tema foi Luciano Hang, presidente da Havan, que trabalhou no Grupo Renaux antes de abrir a sua empresa. Outro que alertou sobre risco da cadeia têxtil no Brasil foi o presidente da RenauxView, Armando Hess.  

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– Um país rico é um país que tem indústria. Um país sem indústria é um país miserável. Nós precisamos reindustrializar o nosso país, precisamos gerar emprego no Brasil. Nós não podemos exportar emprego. 92% do que a Havan vende é fabricado no Brasil. A Havan dá preferência para a indústria nacional. Se nós precisamos reduzir impostos é da indústria brasileira. E é, sim, taxar, aumentar os impostos dos outros países. O que o Trump está fazendo nada mais é do que é prestigiar o povo do seu país – afirmou Luciano Hang ao falar ao público no evento.

Veja mais fotos do evento do centenário que teve a presença de Luciano Hang:

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A cidade de Brusque, onde está também a sede da Havan, é considerada o berço da indústria de fiação em Santa Catarina. O Grupo Renault, com a Fábrica de Tecidos Carlos Renaux e, depois, a Indústria Têxtil Renaux, foi um precursor e maior empresa do município.

Quase todas as famílias de Brusque tinham alguém trabalhando no grupo. Hang destacou que o avô dele trabalhou 47 anos no grupo, o pai trabalhou 42 anos, a mãe dele, 30 anos e ele sete anos. A Fábrica fechou devido às dificuldades do Brasil e só a Indústria continua, agora com o nome RenauxView, uma fornecedora indireta da Havan. Fornece tecidos para confecções que produzem para a empresa.  

Anfitrião do evento, o industrial Armando Hess alertou que a cadeia têxtil e de confecções do Brasil, que é completa por contar com todas as etapas, começando por algodão de alta qualidade, está correndo risco de ser quebrada em função do Bolsa Família. Atualmente, o benefício vai para 20,4 milhões de pessoas e o valor médio é de R$ 668,73.

Como em casos de pagamento do Bolsa Família, se os pais voltam ao trabalho a renda sobe e o benefício é suspenso, milhares de brasileiros preferem não trabalhar de carteira assinada ou optam pela informalidade. Assim, milhares de mulheres preferem não trabalhar e isso tem resultado em falta de costureiras em todo o país, alerta Hess.

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– Dezenas de milhares de costureiras estão saindo do emprego formal para ficar no Bolsa Família. Isso é o desmonte da cadeia têxtil. É uma coisa muito séria. O fator que mais limita o crescimento da indústria têxtil no Brasil hoje é o assistencialismo. E mais, com tendência de morte – chama a atenção Hess para situação que está resultando em falta de trabalhadores ao setor têxtil e outros.  

Também na avaliação de Hang essa queda no número de pessoas trabalhando em função do Bolsa Família é um problema sério que precisa ser enfrentado.

– Nós só podemos dar uma ajuda para um cidadão que é incapacitado de trabalhar. Ponto final – disse ele, lembrando que o Brasil está em pleno emprego.

Outro tema que segue preocupando o dono da Havan é a baixa tributação de importações pelas plataformas digitais, conhecida como imposto das “blusinhas”. Ele observou que a tributação ainda está vantajosa para as importações e alertou que isso gera emprego no exterior e não no Brasil, reduz a industrialização brasileira, além de resultar em menos arrecadação de impostos.

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