Quando a Academia Real das Ciências da Suécia anunciou nesta segunda-feira (13) que o Prêmio Nobel de Economia 2025 foi para três economistas que estudaram os impactos da inovação no crescimento econômico sustentado, Joel Mokyr (79 anos), Philippe Aghion (69) e Peter Howitt (79) muitos catarinenses viram que esse é um tema do seu dia a dia. É estratégia mais forte na indústria, mas faz parte também de outros setores econômicos. Pode-se dizer que Santa Catarina está acima da média nacional em inovação, mas segue com grandes desafios quando se considera a concorrência global.  

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O presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), Diego Brites Ramos, e o diretor de Inovação e Competitividade da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), José Eduardo Fiates, comentaram o assunto para a coluna.

Veja fotos dos entrevistados desta matéria e das entidades que representam:

Para o presidente da Acate, o Prêmio Nobel de Economia de 2025 reforça algo que Santa Catarina já demonstra na prática: a cultura pró-inovação descrita por Joel Mokyr está consolidada no estado, com universidades, incubadoras e políticas públicas que criaram um ambiente aberto a novas ideias. Na avaliação do empresário, esse terreno fértil é o que permite que a inovação deixe de ser exceção e passe a fazer parte da rotina econômica do estado.

– O dinamismo do setor também comprova o modelo de destruição criativa de Aghion e Howitt: novas empresas surgem, competem e se renovam, enquanto a tecnologia já responde por uma fatia relevante do PIB catarinense e gera mais de 100 mil empregos qualificados. Esse movimento constante de renovação é justamente o mecanismo que sustenta o crescimento de longo prazo – explica Diego Brites Ramos.

– O terceiro ponto é que a inovação aqui já gera impacto real e mensurável. Florianópolis tem até dez vezes mais startups per capita que São Paulo, e a tecnologia responde por cerca de 25% da economia da capital. Esses números mostram que, em Santa Catarina, a teoria reconhecida pelo Nobel não é apenas acadêmica, ela já se traduz em resultados concretos de desenvolvimento econômico e social – destaca o presidente da Acate.

Na opinião do diretor de Inovação e Competitividade da Fiesc, o prêmio Nobel deste ano é o reconhecimento explícito da importância da inovação para o crescimento das empresas, das regiões e dos países.

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– Os três autores são notáveis estudiosos e pesquisadores da importância da inovação do processo de evolução econômica empresarial e da sociedade como um todo. É mais uma demonstração clara da importância de focarmos no desenvolvimento baseado em conhecimento, tecnologia e inovação. Cabe agora pesquisadores, empreendedores e agentes públicos, acreditarmos cada vez mais na importância dessa estratégia para o desenvolvimento econômico, social, ambiental e sustentável – destaca José Eduardo Fiates.

Como jornalista de economia em Santa Catarina acompanho há décadas a atenção do setor empresarial do estado para a inovação. As indústrias mais competitivas globalmente têm colocado esse tema como pilar estratégico, investindo em centros de pesquisa e desenvolvimento próprios e fazendo parcerias com universidades e outros centros de pesquisas e desenvolvimento nessa área.

Esse protagonismo tem reconhecimentos como a conquista global de liderança em tecnologias em alguns setores. E também tem levado à conquista de importantes prêmios de inovação nacionais e até alguns no exterior. Pode-se dizer que a inovação faz parte da cultura da maioria das empresas. Enquanto as gigantes dizem que tem um foco no presente e outro no futuro, que é a inovação, as empresas que estão nascendo recebem como conselho serem inovadoras em tudo.

Santa Catarina está melhor do que o Brasil no mapa da inovação. Mas ambos precisam avançar mais para serem mais protagonista do que vítimas dessas destruições criativas. Quando se observa o mundo, países líderes em tecnologia contam com uma maior formação de engenheiros para o setor industrial, de cientistas para a área de saúde e intensivos registros de patentes.

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O principal gargalo do estado e do Brasil é a falta de uma educação de alta qualidade para todos, desde o ensino fundamental até em muitas universidades. Isso leva o país a não aproveitar todos os talentos das suas pessoas, que poderiam avançar em pesquisa e inovação. Parece que, agora, mais lideranças do setor educacional estão percebendo isso e procurando avançar.  

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