Em cenário inimaginável pelo setor produtivo do Brasil e de Santa Catarina, entra em vigor nesta quarta-feira – 06 de agosto de 2025 – o tarifaço de 50% para exportações brasileiras aos Estados Unidos, maior mercado exterior catarinense e segundo maior do país, tendo como causa principal, razões políticas. A medida foi anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump dia 09 de julho e confirmada com quase 700 exceções em 30 de julho. O desafio começa com a certeza de que quase todos os produtos exportados por SC são taxados e a principal exceção ao estado, a da madeira, segue com diversas dúvidas.
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Com pauta diversificada, a maior parte com alto valor agregado por ser integrada por produtos industrializados ou semi-industrializados, Santa Catarina será duramente impactada caso o governo brasileiro não consiga avançar em negociações. Em 2024, o estado exportou US$ 1,74 bilhão aos EUA, que representou 14,9% do que faturou com vendas externas.
Pesquisa da Federação das Indústrias de SC (Fiesc) apurou na última semana que 70% das empresas exportadoras já enfrentavam queda nas vendas aos EUA. E 72% estimaram que terão que demitir em seis meses se a taxação continuar.
Nas últimas semanas, empresas fizeram pressão com seus pares do mercado americano, mas não adiantou principalmente porque as decisões estão centradas pelo governo de Trump. E ele colocou como condição principal o fim do julgamento do presidente Jair Bolsonaro, confirmando uma motivação política vinda do exterior.
Como SC tem, também, economia bem distribuída regionalmente praticamente todas as regiões do estado são afetadas. Se considerarmos o total de faturamento, os municípios que podem ter maior impacto são Joinville, Jaraguá do Sul e Caçador.
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Mas se avaliarmos efeitos totais na economia local, a Federação das Indústrias do Estado (Fiesc) estimou que as maiores perdas sociais podem ser em cidades que têm economia menos diversificada, como as do Meio-Oeste, Planalto Norte e Planalto Serrano, que são grandes fabricantes de madeiras diversas e móveis.
A lista de quase 700 exceções pouco inclui Santa Catarina. No caso da madeira, ainda gera muitas dúvidas dependendo dos processos produtivos de cada item, por isso empresas e entidades preferem ver na prática como vai ficar a partir do início da taxação, nesta quarta-feira, para depois estimar impactos.
Os efeitos nas empresas serão relativos também, dependendo de como cada uma poderá enfrentar a taxação. A situação mais crítica no estado será de indústrias de móveis ou outros produtos que vendem 100% para os Estados Unidos. Se não encontrarem outros mercados, é provável que enfrentarão maior risco de descontinuidade dos negócios.
Grandes empresas com atuação mundial terão mais alternativas para deslocar produção de outros países menos taxados aos EUA e direcionar itens feitos no Brasil a esses mercados. Um exemplo é a WEG.
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O cenário de negociações entre os governos do Brasil e dos EUA para levar tarifas a todos setores a patamares da média mundial ainda não parece promissor, embora os minerais terras raras brasileiros tenham sido colocados como uma nova alternativa. Assim, o tarifaço começa colocando em risco milhares de empresas e empregos, enquanto políticos envolvidos parecem que não têm ideia de como isso afeta setores que fazem a economia girar, ajudam a sustentar atividades públicas e privadas, incluindo o pagamento dos seus elevados salários.
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