A partir desta terça-feira (4), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, colocou em vigor tarifas de importação de 25% para o México e Canadá e de 20% para a China. Os governos da China e do Canadá já revidaram, anunciando tarifas para importações dos EUA. O economista-chefe da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Pablo Bittencourt, diz que dados apontam desaceleração da economia dos EUA e alerta que essa guerra comercial pode levar à alta do dólar no Brasil. Isso gera inflação, afetando a economia do país, incluindo a de Santa Catarina.
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Logo após Trump anunciar a cobrança das novas tarifas em entrevista nesta segunda-feira (3), o Canadá anunciou que vai revidar com tarifas. Em comunicado anterior, o país sinalizou que taxaria inicialmente em 25% principalmente alimentos.
O governo chinês respondeu com alta de tarifas em diversos produtos que compra dos EUA, principalmente alimentícios. Determinou taxação de 15% para importação de carne de frango e 10% para outros produtos como carnes bovina e suína, lácteos, soja e sorgo.
O México não anunciou ainda como vai enfrentar essa nova barreira dos EUA. Na entrevista, Trump justificou que as medidas contra México e Canadá foram tomadas porque eles não estão controlando devidamente a entrada de drogas e imigrantes ilegais nos EUA.
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De acordo com o economista-chefe da Fiesc, Pablo Bittencourt, essa guerra comercial já vem retraindo a economia americana, que pode entrar em recessão. Isso porque com inflação alta gerada pelas novas tarifas de importação, o banco central do país mantém juros altos, o que impede o crescimento econômico.
E juros elevados nos EUA atraem dólares, desvalorizam moedas como a brasileira e geram inflação. Para Bittencourt, o governo brasileiro precisa fazer a lição de casa – cuidar do ajuste fiscal – para que esse problema dos EUA junto com o local não torne o cenário de controle de inflação mais difícil.
Por enquanto, o Brasil será afetado pela taxação do aço e alumínio em breve, mas SC não deve sentir isso diretamente porque não exporta esses produtos aos americanos. Mas o estado poderá ser afetado por tarifas recíprocas, ou seja, cobradas para a venda de produtos americanos no Brasil.
Para o economista da Fiesc, o país poderia negociar tarifas com os EUA. Isso porque as tarifas mais altas cobradas pelo Brasil são sobre produtos que o país quase não importa dos EUA, como alimentos, produtos de cerâmica e de madeira. São itens que estão na pauta de exportações de SC aos americanos.
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Considerando as taxações anunciadas por Trump e as retaliações de outros países, dá para antever algumas janelas de oportunidades de negócios para SC. Se a China está taxando carnes dos EUA, em breve agroindústrias do estado podem ampliar vendas para os chineses porque poderão oferecer melhores preços.
As tarifas de 25% e 20% podem mudar a geografia da produção industrial mundial, mas não num primeiro momento. O presidente Trump quer que as fábricas se estabeleçam para produzir nos Estados Unidos, mas isso não acontece de uma hora para outra. Num primeiro momento, os importadores terão que repassar os valores das tarifas aos preços aos consumidores.
Milei deve propor discussão de acordo comercial Mercosul e Estados Unidos
Muitas empresas estão buscando novos fornecedores industriais no mercado americano ou no exterior e estão com dificuldades. Em primeiro lugar, as indústrias dos EUA não conseguem atender tanta demanda e, em segundo, não sabem se mais países serão taxados em 25% nas importações. Esse cenário é mostrado por empresários que deram entrevistas para reportagem do jornal The New York Times, divulgada pelo estadão.
Economista diz que gestão de Donald Trump pode criar oportunidades ao Brasil
Ainda na segunda-feira, Trump foi questionado se concordaria em fazer um acordo comercial com a Argentina. Disse que sim porque o presidente Javier Milei, com quem tem bom relacionamento, está recuperando a economia do país. Mas pelas regras atuais, esse acordo deveria ser via Mercosul, o que incluiria também o Brasil. Independentemente do que será negociado no futuro, o fato é que agora a economia mundial precisa enfrentar realidade das novas tarifas americanas e seus impactos.
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