Diante da proximidade da entrada em vigor do tarifaço de 50% dos Estados Unidos, a WEG avalia que o cenário ainda é marcado por incertezas e está analisando desdobramentos. A companhia estuda um plano de realocação de rotas de exportações do México e da Índia caso a tarifa maior realmente entre em vigor. Essas informações foram destacadas ontem pelo diretor superintendente administrativo financeiro (CFO) da WEG, André Rodrigues, nesta quinta-feira, durante teleconferência com investidores.

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– O cenário ainda é marcado por incertezas, ainda estamos analisando os desdobramentos e comunicaremos de forma precisa assim que houver maior clareza sobre o tema – respondeu a empresa para a coluna ao ser questionada por e-mail sobre como atenderá o mercado dos EUA caso a tarifa entrar em vigor.

Para os investidores, na teleconferência desta quinta-feira, André Rodrigues afirmou que a empresa tem um plano de ação que pode mitigar parte dos eventuais impactos da nova tarifa. Um dos pontos, segundo ele, é que a empresa tem presença industrial global e, nos últimos anos, tem acelerado o total de investimentos em diversas geografias onde atua.

– Como a WEG começou a fazer isso lá atrás, pode ajudar, sim nesse processo. Só para colocar todo mundo na mesma página, produzimos, hoje, no Brasil um pouco menos de um terço do que vendemos nos Estados Unidos. E a grande parte disso são motores elétricos, porque toda parte de transformadores produzida no Brasil, o principal mercado não é os Estados Unidos – explicou o CFO.

Segundo ele, a produção do Brasil atende, principalmente, o mercado brasileiro e mercados vizinhos.

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– O que nós temos, hoje, desenhado? Podemos, sim, realocar as nossas rotas de exportação. Um pequeno exemplo: podemos usar o Brasil para atender a demanda local no México e na Índia e usar a produção desses países para atender o mercado americano. É uma execução que pode demorar alguns meses e, após a efetivação de toda essa mudança, nós temos a expectativa que a gente pode, sim, mitigar a maior parte desses impactos. Acho que é importante mencionar, também, que esse cenário também depende do nível da tarifa nos demais países – explicou André Rodrigues.

O executivo observou que esse cenário é considerado se entrar em vigor a tarifa maior, de 50%. Mas pode ser que ocorram outros movimentos. Por isso a WEG está analisando todas as condições de mercados. Ele observa também que o mercado local americano depende de importações de insumos e produtos acabados e isso já está causando alta em preços internos. Lembrou também que a WEG chegou a fazer um plano de ação para o primeiro governo Trump, quando a discussão era tarifa com o México.

Sobre o mercado de transformadores de energia, um dos produtos importantes da WEG, os executivos informaram que é um setor que está vendido até 2027. Tanto a companhia quanto as concorrentes estão com pedidos para o longo prazo e até com matérias-primas já compradas ou programadas. Além disso, a WEG não atende o mercado dos EUA com produção do Brasil no caso desse item.

Apesar de ser uma empresa global e de ter apresentado resultados positivos, as ações da WEG tem caído nos últimos dias na B3. A queda nesta quinta-feira (24) checou a 4,68% após recuo de 8,01% no dia anterior, quando foi divulgado o balanço.

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Os analistas de mercado colocaram dúvidas sobre o ritmo de crescimento da companhia diante de cenário futuro mais difícil. Apesar disso, o head da XP para a Região Sul, Marcelo Cardoso, falou para a coluna que é bom ter na carteira de renda variável a WEG.

-Olhando o mercado de renda variável, a gente vê bons ativos, boas empresas que estão muito descontadas em bolsa. São empresas que, quando a gente olha o preço da ação, ele está abaixo do valor de mercado, o que gera uma oportunidade de entrada. No estado de Santa Catarina, por exemplo, temos a WEG.

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