Opinião
Blumenau tentou por duas semanas convencer os municípios vizinhos a endurecer as regras contra a disseminação do coronavírus no Médio Vale. Sem sucesso, o prefeito Mário Hildebrandt optou por juntar-se a eles.
Embora tenham sido apresentadas sob o eufemismo de "adequação", as medidas desta segunda-feira (27) estimulam a circulação de pessoas. Lojas, academias, bares e restaurantes estarão abertos das 10h às 17h. Há mais motivos para as pessoas saírem de casa e interagirem.
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Grosso modo, é o que o Médio Vale vem praticando desde a semana passada, com variações de cidade para cidade.
O recuo de Hildebrandt lembra movimento semelhante de Gean Loureiro, em Florianópolis, que anunciou restrições e depois voltou atrás. Ambos tinham empresas, eleitores e prefeitos vizinhos remando na direção contrária. Cederam.
Existem argumentos compreensíveis sobre o sofrimento de negócios, o risco aos empregos, o cansaço geral das comunidades com as quarentenas. Mas essas não são razões "técnicas", nem de saúde e nem de economia. Quanto mais tempo aceita-se a circulação do vírus, maior é o preço pago em vidas e empregos. Basta observar boas (e más) práticas internacionais.
O cancelamento da Oktoberfest, anunciado na mesma live, serviu para transmitir ar de gravidade e rigor ao momento. A verdade é que perdemos a Oktober já no mês de abril, quando Santa Catarina desistiu de suprimir o vírus e arriscou atalhos para sair da pandemia. Fosse só a festa, menos mal.
Blumenau voltará às compras sobre mais de 40 corpos, entre gente doente e profissionais de saúde esgotados. Que se fale o português claro: é uma tragédia. Pior que a de novembro de 2008.
Não só pelas perdas econômicas e humanas. Doze anos atrás, a capacidade coletiva desta comunidade enfrentou lama e água, reergueu tudo. Um orgulho brasileiro.
A Blumenau resignada diante da catástrofe do coronavírus é uma cidade sombria.
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