A reunião em Brasília para tratar da violência nas escolas, nesta terça-feira (18), mostrou que municípios, estados, governo federal, congressistas e representantes do Judiciário concordam sobre o que NÃO fazer para prevenir ataques com o de Blumenau: transformar escolas “em presídios”, como definiu o governador Jorginho Mello (PL). As mesmas autoridades têm investido para contratar seguranças armados, instalar câmeras e subir muros. E o consenso termina aí.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que seria “patético” crianças de oito anos de idade terem as mochilas revistadas porque um detector de metais apitou na porta da escola. Opinião compartilhada por diversas das autoridades que falaram ao microfone. O discurso colide com a procura repentina de governos e prefeituras pelos equipamentos, os “novos respiradores”, segundo o governador de Mato Grosso (União), Mauro Mendes — em alusão à disparada de preços dos aparelhos médicos no início da pandemia de Covid-19.

Jorginho disse que “virou um festival de comprar câmera”. O prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) previu que o Brasil vai acabar “prendendo as crianças em sala de aula”. Câmeras de monitoramento e policiais armados diante das escolas estão na agenda prioritária dos governos em Blumenau e Santa Catarina.

A contradição ocorre, como já escrevi aqui neste espaço, porque os líderes políticos, locais e nacionais, sentem-se na obrigação de aplacar o pânico gerado pelos assassinatos na creche Cantinho Bom Pastor. O foco prioritário é a sensação de segurança. Quanto à segurança propriamente dita, as soluções são bem mais complexas.

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O ministro da Justiça, Flávio Dino (PCdoB), e o próprio Lula elegeram como alvo as redes sociais. Para eles, a prevenção a novos ataques passa por responsabilizar plataformas como Facebook, Instagram, Twitter, YouTube e WhatsApp pela circulação de discursos de ódio e apologia à violência.

Drogas

Jorginho falou do tráfico de drogas, citando “armazéns” de entorpecentes. Hildebrandt pediu o estabelecimento da prisão perpétua no Brasil. Como a Constituição proíbe, sugeriu que a nova lei preveja até 90 anos de prisão, dando no mesmo. Hoje, o prazo máximo de cadeia é de 30 anos.

Muitos dos presentes falaram em saúde mental. Não faltaram menções ao uso abusivo de telefones celulares por crianças e jogos eletrônicos violentos.

Era uma reunião ampla, de caráter político-institucional. Não se deveria esperar que dela surgisse uma força-tarefa com metas objetivas a cumprir. Mas, quase duas semanas depois da tragédia em Blumenau, está na hora de dar o passo seguinte.

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