Internações
Diretores de hospitais de Blumenau solicitaram à prefeitura medidas para restringir aglomerações e conter o avanço do coronavírus na cidade. Durante reunião no gabinete do prefeito, segunda-feira (6) à tarde, médicos manifestaram preocupação com o aumento recente no número de internações.
Não foram debatidas medidas específicas, mas houve consenso entre os presentes sobre o risco representado por festas, confraternizações domésticas e aglomerações noturnas. Desde a semana passada, Defesa Civil e Vigilância Epidemiológica reforçaram a fiscalização de abusos do tipo. Participaram representantes dos hospitais Santa Isabel, Santo Antônio, Santa Catarina e da Unimed, além do presidente da Câmara de Vereadores, Marcelo Lanzarin, médico e ex-secretário de Saúde.
A coluna apurou que, no encontro, profissionais de saúde pediram ênfase na divulgação dos números de leitos de UTI ocupados. O entendimento é de que a população ainda não compreendeu a gravidade do cenário.
Segundo o boletim epidemiológico do município divulgado terça-feira (7), há 35 pacientes internados em UTIs de Blumenau. O número representaria 55,6% da capacidade. Porém, o percentual leva em conta leitos que ainda não estão 100% instalados e credenciados pelo SUS.
Há apreensão entre gestores hospitalares sobre como remanejar equipes e encontrar profissionais para atender os leitos extras. Material humano começa a ser um problema maior que respiradores.
Participantes do encontro no gabinete disseram que Mário Hildebrandt demonstrou compreender a situação. O prefeito teria respondido que seria “fácil” assinar um decreto de lockdown, mas que fechar o comércio ou parar os ônibus não impediria reuniões domésticas e festas. Ele estava acompanhado de ao menos dois secretários: Winnetou Krambeck (Saúde) e Carlos Menestrina (Defesa Civil).
A reação do prefeito à conversa com os médicos saiu do gabinete direto para os lares blumenauenses já na noite de segunda, quando criticou a realização de churrascos. Naquela transmissão ao vivo, e também na de terça-feira, salientou que a ocupação de leitos de UTI cresce.
O secretário de Saúde, Winnetou Krambeck, na live de terça, procurou desconstruir a ideia de que enquanto houver leitos vagos de UTI a situação estará tranquila. Horas antes, Krambeck havia visitado os hospitais Santa Isabel e Santo Antônio para conferir a situação in loco.
Na manhã desta quarta-feira, Mário Hildebrandt disse à coluna que as reuniões com diretores de hospitais vêm sendo periódicas. Sobre a preocupação com a circulação de pessoas e a solicitação de novas medidas, ele sinalizou com o aperto da fiscalização por parte da Defesa Civil. E voltou a pedir colaboração dos blumenauenses:
— É muito difícil saber o que está havendo na parte de trás de uma casa e não temos como ficar contando quantas pessoas entraram em cada residência — lamentou.
Sobre a possibilidade de novas medidas restritivas, Hildebrandt informou que está conversando com supermercados para reduzir ainda mais o número de pessoas dentro das lojas (hoje o percentual é de 50% e somente uma pessoa por família pode entrar). Mas também afirmou que "numa crise, todas as possibilidades sempre passam pela mesa do prefeito", deixando no ar a possibilidade de medidas em outras áreas.
Até 15h este texto informou que "hospitais públicos e privados" participaram da reunião na prefeitura. Na verdade, Blumenau não possui hospitais públicos, apenas instituições filantrópicas que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas também por convênios.