Cada live transmitida pela prefeitura de Blumenau nesta crise do coronavírus custa um mínimo de R$ 636 aos cofres municipais. Como o contrato prevê um valor mensal de R$ 19.090 por mês, a média diária varia de acordo com o número de programas veiculados, podendo superar os R$ 800.
Continua depois da publicidade
> Clique aqui e receba notícias de Blumenau e região direto no Whatsapp.
O preço pago é bem inferior aos R$ 9 milhões citados em mensagens distorcidas que circulam pelas redes sociais blumenauenses. Nesses posts, prints do portal da transparência são usados para confundir. Eles exibem contratos globais com agências de publicidade, que incluem todo tipo de divulgação do município. A empresa contratada é a OKKA Produções Visuais, segundo resposta da Secretaria de Comunicação a um requerimento do vereador Gilson de Souza (Patriota).
É fácil entender por que críticos da administração municipal transformaram em alvo as transmissões ao vivo da prefeitura. O canal preferencial de contato de Mário Hildebrandt (Podemos) com os cidadãos na crise do coronavírus apresenta um prefeito até então desconhecido para muitos.
São dezenas de horas de exposição controlada, com intervenções do público e de jornalistas filtradas por assessores. Consolidou-se um roteiro padrão, com um jogral numérico entre Hildebrandt e o secretário de Saúde Winnetou Krambeck. O programa passou a receber convidados e exibir vídeos com mensagens positivas de blumenauenses em quarentena.
Continua depois da publicidade
Na parte final, a live vira um tête-à-tête com a população. Críticas e questões espinhosas tornam-se escada para discursos longos em defesa do governo. Foi o caso de segunda-feira (5), quando Hildebrandt respondeu a um espectador que chamou a administração de irresponsável. O prefeito passou a enumerar decisões da gestão na crise da Covid-19, usando o recurso retórico de repetir o início da frase: “Irresponsáveis seríamos se não tivéssemos…”. Parecia que ensaiava para os debates das Eleições 2020.
Entre maio e junho, o programa diário havia deslizado para estratégias menos sutis. Abordara temas não relacionados à Covid-19, como obras viárias e melhorias no aeroporto Quero-Quero. Diante de críticas e para evitar complicações com a lei eleitoral, houve recuo.
Na Câmara de Vereadores, a oposição tem criticado as lives — muitas vezes em pronunciamentos transmitidos pela TV Legislativa, igualmente paga com dinheiro público. A oposição sabe que a audiência crescente, mesmo de gente insatisfeita com as decisões do município, é uma oportunidade nunca vista em campanhas municipais.
Prefeitos que tentam a reeleição sempre tiveram inegável vantagem em relação aos adversários. Mas é a primeira vez que um candidato a um segundo mandato conta com um talk show noturno para comunicar-se com a população.
Continua depois da publicidade
