Sinais de estabilização da pandemia do novo coronavírus em Blumenau foram usados como argumento para o afrouxamento de medidas restritivas anunciado nesta quarta-feira (5) pela prefeitura. Dos dados apresentados pelo prefeito Mario Hildebrandt e pelo secretário de Saúde Winnetou Krambeck, chamou a atenção a queda de 48% da média diária de novos casos entre os dias 23 de julho (281) e 2 de agosto (146). Consultas e coletas de exames no ambulatório da Vila Germânica e o número de doentes também baixaram. Na outra ponta, subiu a quantidade de pacientes considerados recuperados da Covid-19.

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Não é coincidência que esses dados surjam após um período de normas mais rígidas para o funcionamento de atividades comerciais, que diminuíram a circulação nas ruas. E é justamente essa constatação de que medidas de distanciamento social se refletem positivamente nos números da saúde que coloca em xeque a flexibilização das regras. Comércio, restaurantes, bares e academias funcionando por mais tempo devem tirar mais gente de dentro de casa, fazendo com o que vírus também esteja mais presente no dia a dia.

Por outro lado, é praticamente impossível se manter alheio aos apelos que vêm do setor produtivo. Empresas fecharam as portas e muitas vagas de emprego foram perdidas. Isso provoca um problema social considerável mesmo em uma cidade como Blumenau, que tem indicadores acima da média.

A conciliação entre saúde e economia é um dos grandes desafios dos gestores públicos em tempos de pandemia porque as pressões aparecem de todos os lados. Vai se sair melhor quem conseguir reduzir as taxas de contágio, garantir atendimento a todos os contaminados e minimizar os prejuízos financeiros. Não existe fórmula pronta. Empresários mais sensatos admitem que não gostariam de estar na pele de prefeitos e governadores.

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Até esta quarta-feira, Blumenau já tinha feito 32.204 exames do novo coronavírus. É uma proporção alta se comparada a outras cidades, mas que não chega a 10% da população da cidade – cerca de 357 mil, segundo estimativa do ano passado do IBGE. Como basicamente apenas pacientes com sintomas são testados, é razoável crer que muita gente está e continuará carregando – e transmitindo – o vírus sem saber.

A queda dos números enche a população de ânimo e esperança, mas não é sinal de que a pandemia está indo embora e pode gerar a perigosa falsa sensação de retomada da normalidade. Setores econômicos beneficiados pelo afrouxamento aplaudem as medidas. Mas sem colaboração coletiva, os esforços terão ido pelo ralo e as restrições voltarão em caso de nova escalada dos números. Convém reforçar que ainda estamos convivendo com uma gangorra, que o número de mortes vem crescendo na cidade — já são 69 — e que o Vale do Itajaí inteiro está em situação gravíssima para a pandemia.

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