Uma das mais tradicionais fabricantes de artigos de cama, mesa e banho de Santa Catarina vai mudar de comando – de novo. Em liminar publicada na última terça-feira (3), o desembargador Robson Luiz Varella, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, determinou a extinção da gestão judicial provisória da Teka, de Blumenau, que nos últimos meses esteve a cargo do executivo Rui Otte.
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Otte, profissional que já teve passagem pela Karsten, foi indicado pelo administrador judicial da companhia têxtil, Pedro Cascaes Neto, para o cargo em julho do ano passado, após uma decisão judicial em primeira instância que afastou a antiga diretoria e membros do conselho de administração.
A decisão de agora atendeu, em parte, a um pedido apresentado em segunda instância pelo fundo de investimentos Alumni, acionista da Teka que já vinha questionando os rumos do processo de recuperação judicial, entre eles a decretação de falência continuada – mais tarde suspensa.
No despacho da última terça, o desembargador deu prazo de 10 dias úteis para a transição. A decisão abre caminho para dois nomes assumirem a dianteira da companhia na prática: Rogério Aparecido Marques, como diretor-presidente e de relação com investidores, e Caio de Moura Scarpellini na função de diretor administrativo e financeiro.
Ambos já haviam sido eleitos pelo conselho de administração da Teka no dia 31 de dezembro, um dia depois de uma assembleia geral que definiu a nova formação do colegiado. Mas, até então, eles não exerciam as funções de fato, já que vinha prevalecendo a gestão judicial.
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“O fato é que, com a formação do novo corpo diretivo da empresa (…), não mais subsiste a necessidade da figura do gestor judicial”, destacou o desembargador no despacho.
Como é a fábrica da Teka em Blumenau
Em decisão na última sexta (6), o juiz Uziel Nunes de Oliveira, responsável pelo processo de recuperação judicial da Teka em primeira instância, determinou que a administração judicial da empresa providenciasse o acesso à fábrica e a todas as informações, documentos e chaves de acesso necessários à transmissão da gestão da companhia.
Procurada, a Teka informou que a gestão judicial provisória foi substituída pela gestão estatuária eleita, e que a transição já está em andamento. A administração judicial da companhia permanece com o escritório Leiria & Cascaes, sob liderança de Cascaes Neto. A Alumni não deu retorno até o momento da publicação.
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Queda de braço
Nos bastidores e nos tribunais, há uma queda de braço envolvendo a linha de frente da tradicional companhia. Ao questionar a decretação de falência continuada, a Alumni reivindicou que nomes sob sua indicação eleitos para os conselhos fiscal e de administração fossem permitidos a exercerem suas funções.
O fundo detém cerca de 25% das ações da Teka e chegou a se manifestar nos autos alegando que a decretação de falência continuada da empresa era uma medida “prematura, inadequada e incabível”, já que a empresa estaria apresentando os melhores resultados financeiros desde 2012, ano em que entrou em recuperação judicial.
No primeiro trimestre do ano, a Teka teve receita líquida de R$ 89,1 milhões, alta de 25,7% frente ao mesmo período de 2024, o que indica aceleração no crescimento nas vendas, conforme relatório apresentado em maio pela administração judicial.
Na decisão, o desembargador cita essa melhora nos indicadores financeiros para sustentar, segundo ele, “a ausência de justificativas contemporâneas e concretas para a manutenção da gestão judicial provisória”.
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