Prefeitura e servidores públicos de Blumenau voltaram a entrar em rota de colisão na discussão que envolve a saúde financeira do Instituto Municipal de Seguridade Social (Issblu), autarquia responsável pelo pagamento de pensões por mortes e aposentadorias do funcionalismo municipal. O mais novo capítulo desse embate ocorreu na manhã desta terça-feira (8).
Continua depois da publicidade
> Receba notícias de Blumenau e do Vale pelo WhatsApp
Sob protestos de trabalhadores (veja no vídeo abaixo), conselheiros da autarquia aprovaram em reunião extraordinária a manutenção em 10% de uma alíquota especial paga pelo poder público para compensar o rombo previdenciário municipal, que chega a R$ 3,1 bilhões. Além desta alíquota, o Issblu também é abastecido por outra contribuição patronal (de 15,78%) e pelos valores descontados na folha dos trabalhadores.
Do lado laboral, a queixa é que apenas os trabalhadores estariam pagando a conta do déficit. Como efeito da reforma nacional da Previdência, a contribuição dos servidores municipais subiu de 11% para 14% no fim de 2019, o que representa uma “mordida” maior nos salários da categoria.
Em março, o próprio Conselho de Administração do Issblu havia aprovado um reajuste na alíquota especial, que é de responsabilidade do município, de 10% para 14,72%. A lógica é que a contribuição maior ajudaria a reduzir o buraco da previdência municipal.
Continua depois da publicidade
Prefeitura e Furb, no entanto, enviaram um ofício à direção da autarquia no fim de maio solicitando a manutenção da alíquota em 10% para 2022. O documento cita a deterioração da economia nos últimos anos, que resultou em queda na arrecadação, e argumenta que o reajuste para 14,72% seria “impraticável”, o que poderia prejudicar até mesmo o pagamento dos salários dos servidores ativos.
“Entendemos ser de suma importância a sustentabilidade financeira do Instituto, contudo, e em todos os sentidos, com a saúde financeira dos entes prejudicada, o impacto para o Issblu será inevitável”, diz o ofício.
A reunião que deliberou pela manutenção da alíquota foi tensa. Houve pressão de trabalhadores e xingamentos dirigidos a conselheiros. O Sintraseb, sindicato que representa os servidores públicos, alega que o encontro foi convocado de maneira irregular. Uma guarnição da Polícia Militar monitorava a situação do lado de fora da sede do Issblu.
Nas manifestações de votos, conselheiros reforçaram o discurso de crise e de inviabilidade financeira para suportar um reajuste da alíquota. O Sintraseb, por outro lado, denunciou o que diz ser um golpe contra o funcionalismo.
Continua depois da publicidade
A situação é complexa. Nos últimos anos a prefeitura tem conseguido, sempre sob críticas dos servidores, aval do Issblu para parcelar débitos e até mesmo suspender pagamentos das contribuições patronais ao instituto. O frequente rolamento da dívida coloca em xeque a capacidade financeira da autarquia de garantir o pagamento de direitos dos trabalhadores no futuro.
Receba notícias e análises do colunista Pedro Machado sobre economia, negócios e o cotidiano de Blumenau e região pelo WhatsApp ou Telegram