Setores econômicos de Blumenau foram surpreendidos com as novas medidas restritivas anunciadas nesta segunda-feira (20) pela prefeitura. Em nova tentativa para frear o avanço do coronavírus, o município determinou o fechamento, por sete dias, de shoppings, comércio de rua, academias e salões de beleza, além de limitar a operação de bares e restaurantes ao serviço de delivery e suspender a entrada de novos hóspedes na rede hoteleira. O prazo pode ser prorrogado.

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Se uma semana atrás havia consentimento com regras de distanciamento impostas pela prefeitura, agora o descontentamento é mais visível. Representantes desses segmentos ouvidos pela coluna relataram certa perplexidade com o anúncio, confirmando que muitos não consideravam essa alternativa. A maioria até aguardava medidas mais restritivas, mas apostava em limitações de horários de atuação e de atendimento ao público.

O empresário Jonathan Benkendorff, presidente da Associação Blumenau Gastronômico, que reúne cerca de 200 estabelecimentos da cidade, diz que o fechamento pegou o setor de surpresa. Em nota, a entidade diz que recebeu a informação “com certa estranheza”, já que, segundo ela, as empresas estavam cumprindo com todas as determinações de segurança.

— De novo parece que o problema da contaminação são os restaurantes, o que não é verdade.

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O presidente do Sindilojas, Emilio Schramm, não vê o comércio como grande causador de aglomerações. Já para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Helio Roncaglio, fechar tudo pune quem estava adotando as normas de prevenção e segurança. O dirigente teme que muitos lojistas não suportem nova temporada sem receber o público e desistam de reabrir no futuro.

— Nós atendemos a todos os pedidos da prefeitura e novamente o comércio está sendo penalizado — avalia Roncaglio.

Empresários do ramo hoteleiro também não esperavam a medida, conta Richard Steinhausen, integrante do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Blumenau e Região (Sihorbs). Para ele, a notícia “foi um balde de água fria” em um momento em que o segmento começava a dar sinais de reação:

— O custo fixo da empresa, mesmo fechada, continua. Quem vai bancar isso?

O coordenador do Núcleo de Atividades Físicas da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Sebastião Schmitt Junior, diz lamentar que o município não considerou um decreto federal e uma lei estadual que classificam atividades físicas como essenciais. Ele cita uma pesquisa feito pelo núcleo no início deste mês com cerca de 2,6 mil frequentadores desses espaços, onde 66% dos entrevistados disseram estar muito satisfeitos com os protocolos de segurança adotados.

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— Infelizmente foi muito mais rígido do que a gente esperava — conta.

Para o presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Avelino Lombardi, o fechamento de atividades é compreensível diante do agravamento da crise sanitária. Ele considera, no entanto, que não houve diálogo com o setor produtivo na definição das medidas e que as decisões não podem ser tomadas apenas de “dentro do gabinete”.

Carta

Mais cedo, o G6, grupo que reúne as principais entidades empresariais de Blumenau — Acib, CDL, Ampe, Codeic, OAB e Intersindical Patronal, além da vice-presidência da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) para o Vale do Itajaí —, divulgou carta com críticas ao que considera politização da gestão da pandemia e pediu união da sociedade.

“Agora, mais do que em qualquer outro momento da história recente, é hora de todos se unirem e pensarem como cada um pode contribuir: sociedade organizada, poder público, entes políticos, etc. Nosso adversário mais poderoso atualmente é o Coronavírus, um inimigo invisível que nos ataca com cada vez mais força. E é contra ele que precisamos trabalhar juntos. É momento de esquecermos as bandeiras de partidos, a pequenez das discussões sem fundamento”, diz o documento.

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