O Sintrafite, sindicato que representa os trabalhadores têxteis de Blumenau e região, está questionando termos do acordo feito pela Teka com o Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina (TRT-12) para o pagamento de dívidas com funcionários. Em coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira (14), representantes da entidade criticaram dois pontos da negociação: a ausência de participação do próprio Sintrafite nas conversas e a proposta de quitação dos débitos sem correção monetária.
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Na avaliação do sindicato, o pagamento de valores desatualizados fará com que a categoria perca direitos. O presidente do Sintrafite, Carlos Alexandre Maske, citou como exemplo um credor cujo valor original da dívida, que remete a 2013 e que a Teka se disporia a pagar, é de cerca de R$ 5,5 mil. Com a correção monetária, esse montante atualizado hoje seria de pouco mais de R$ 11 mil.
— Nós não somos contra que haja uma iniciativa para o pagamento. Mas do jeito que está sendo colocado, o trabalhador está perdendo demais. Esse é o problema — disse na coletiva Osmar Packer, advogado do sindicato.
Como é a fábrica da Teka em Blumenau
O Sintrafite disse estimar que a dívida com cerca de 1,2 mil funcionários da Teka que atuam ou já atuaram nas fábricas de Blumenau e Indaial – esta última já desativada – passaria de R$ 100 milhões, em valores corrigidos, e sustenta que a Teka teria patrimônio para quitar tudo integralmente. No acordo costurado com a Justiça do Trabalho, a nova gestão da companhia se dispôs a pagar cerca de R$ 70 milhões em débitos trabalhistas que se arrastam há mais de uma década – relembre os detalhes e as condições aqui.
Deste montante, em torno de R$ 42 milhões beneficiariam trabalhadores da empresa em Santa Catarina. O restante vai para colaboradores de Artur Nogueira (SP), onde a companhia também mantém um parque fabril. Neste caso, o sindicato dos trabalhadores têxteis de Campinas e região participou da elaboração dos termos do acordo firmado junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região.
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Apesar do impasse, a direção do Sintrafite reiterou que vai respeitar o desejo individual de cada trabalhador. Ou seja, não haveria obstáculos para aqueles que estão há anos sem receber seus direitos aceitarem os termos propostos pela Teka, mesmo em valores desatualizados. Do outro lado, no entanto, a entidade disse estar disposta ao diálogo para a construção de uma alternativa.
— É desejo nosso de chegar a um acordo para que os valores sejam corrigidos — disse Maske à coluna.
O Sintrafite deve convocar uma assembleia geral de trabalhadores ainda neste ano para voltar a discutir o assunto.
O que diz a Teka
Procurada, a Teka disse que o acordo trabalhista no valor de R$ 70 milhões “foi construído com total transparência e dentro da legalidade, seguindo rigorosamente os trâmites judiciais e sob supervisão dos Tribunais Regionais do Trabalho da 12ª e 15ª Regiões”, além de ter sido firmado com base em decisões judiciais transitadas em julgado.
O processo, ainda segundo a empresa, “contou com a participação dos órgãos competentes e homologação judicial, garantindo segurança jurídica para todas as partes envolvidas”.
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A nova gestão da empresa disse também que, desde que assumiu, em junho, “houve forte empenho em negociar com os sindicato” e que desde então foram realizados ao menos oito encontros formais com representantes do Sintrafite.
“O Sindicato de Campinas, inclusive, aderiu ao mesmo modelo de acordo proposto ao Sintrafite, demonstrando alinhamento e legitimidade do processo”, cita a nota enviada à coluna.
A empresa reafirma que priorizou a dívida trabalhista e que está empenhada em iniciar os pagamentos ainda este ano, antes do recesso judicial, para dar fim a um impasse de mais de 13 anos.
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