Recentemente terminei um jogo do qual gostei bastante: o God of War 3. Joguei a versão remasterizada. E que game! Jogabilidade afiada demais, diversão, gráficos lindos, trilha sonora ótima, quebra-cabeças simples, combate justo. Não precisei olhar um detonado uma única vez, só fui. Diversão pura. É se sentir poderosíssimo e sair por aí com o Kratos como uma máquina de destruição.
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Mesmo assim, ainda prefiro o primeiro God of War. Algumas coisas me incomodaram nesta terceira aventura da linha principal e uma delas eu resolvi explicitar neste texto. A outra é o tratamento dado às mulheres neste jogo, que geralmente ou são objetos de desejo ou estão constantemente pedindo a ajuda do Kratos, não sabem se virar sozinhas. Mas isso a gente vai botar embaixo do tapete para falarmos um pouco sobre violência.
A série God of War sempre foi muito violenta. Inclusive, o sangue e a pancadaria chamaram muito a atenção do público e da crítica quando o primeiro jogo da franquia saiu, ainda no PS2. Quando eu fui jogar God of War 3, é claro que eu sabia que o game seria violento. Até porque joguei os outros dois títulos anteriores. Mesmo assim, achei que ele passou um pouco do limite do bom gosto.
Talvez você ache que o que eu falarei de agora em diante seja um spoiler. Vou tentar não comentar muito sobre a história do jogo, mas prossiga com cautela.
Não é novidade que o Kratos entra em conflito com os deuses gregos. E no terceiro game, você terá a oportunidade de dar uns sopapos em alguns deles. E eis que a maravilhosa câmera deste jogo dá uns zooms bizarros e você vai apertando círculo para continuar batendo e batendo numa criatura já caída. Para que isso mesmo? Achei um pouco demais. Não precisava. Mesmo.
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Eu entendo que o Kratos seja um cara extremamente problemático, que precisa urgentemente de terapia. E se ele quer descontar toda a frustração dele na cara do Poseidon, eu, jogadora, preciso assistir? Qual a necessidade de eu ficar apertando círculo e ver o rosto de um deus ser desfigurado?
Acharia isso demais para qualquer inimigo. Porém, tem uma camada de desrespeito um pouco maior neste caso. O Poseidon, ou qualquer outro dos deuses gregos, foi (ou ainda é) sagrado para algumas pessoas. Essa realmente era a religião majoritária desse pessoal nessa época. Mau gosto é pouco.
Não curto quando os jogos me obrigam a ser extremamente cruel. Se eu já derrotei o Poseidon, não poderia eu escolher não bater ainda mais nele? Ou, como já comentei aqui na coluna, no The Last of Us Part II, não poderia eu optar por não bater em uma moça que já está sentada no chão e não está ameaçando a Ellie de nenhuma maneira? Não posso escolher que o Kratos e a Ellie tenham um limite para a crueldade deles?
O que eu estou questionando aqui é a necessidade dessas cenas e de fazer o jogador ficar com tanta raiva que ele queira cometer essas atrocidades virtuais. God of War é uma franquia superdivertida, a jogabilidade é quem manda nestes jogos. A gente sabe que o Kratos é um cara violento. Não é preciso mostrar tudo ao jogador. Seria mais elegante deixar algumas partes das agressões que ele comete para fora das câmeras.
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É claro que o que é ou não de bom tom é muito subjetivo. Entendo que o meu gosto neste quesito é mais restrito do que o da maioria das pessoas. Contudo, eu acho que vale o questionamento, a pulga atrás da orelha. Para você, qual é o limite da violência nos videogames?
“Ah, Joana, por que você não vai jogar Super Mario se você acha God of War violento?”, alguns podem vir a dizer. Não se preocupe! Logo mais, agora dia 12, teremos um novo The Legend of Zelda, uma série nada conhecida pela violência. E estaremos eu e meu controle preto sem graça nos aventurando por Hyrule, ou sabe-se lá em qual lugar o Link estará.
Esta é a minha deixa para dizer que estarei de férias. No finalzinho de junho estarei de volta, com novas histórias para conversar com vocês! Até lá!
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