Ao assumir o cargo de governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr trouxe motivos de comemoração para o bloco de políticos mais próximos do presidente Jair Bolsonaro, em Brasília. Em Santa Catarina a nova governadora não é unanimidade entre a ala conservadora e contabilizou votos desse grupo no processo de impeachment na Alesc, mas acabou salva pela mudança de voto do deputado Sargento Lima (PSL) no tribunal de julgamento. No entanto, em Brasília Daniela tem boa circulação com pessoas próximas ao presidente.
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O maior exemplo é a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), uma das parlamentares mais próximas do presidente e que considera a nova governadora de Santa Catarina como uma amiga. Horas após o resultado do tribunal, na madrugada do último sábado (24), Zambelli celebrou a vitória de Daniela no Twitter e disse que o governo Bolsonaro “ganha mais um Estado como aliado”.
As duas se conhecem desde os protestos contra Dilma e, durante a campanha em 2018, Zambelli chegou a passar alguns dias no Oeste catarinense ao lado de Daniela. A deputada paulista cita inclusive que antes da chapa ao governo de SC ser formada, apoiou que Daniela tentasse concorrer ao cargo de deputada estadual, pois via muita “veia política” nela.
— A ala bolsonarista está muito feliz, o bloco da Aliança pelo Brasil (partido que Bolsonaro pretende criar e que motivou a saída de Daniela do PSL), a gente comemorou muito a vitória dela, e ficamos bastante satisfeitos com o voto do Sargento Lima, por ele ter voltado atrás na posição dele – disse Zambelli em entrevista exclusiva ao DC.
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Influência nos votos em SC
Zambelli revela também que houve participação de Brasília nas negociações para tentar salvar Daniela do afastamento no processo de impeachment. A própria deputada confirma que fez ligações e falou com pessoas de Santa Catarina na véspera do julgamento. Dono do voto que mudou a história, Sargento Lima (PSL) não foi um dos alvos das ligações de Zambelli nos dias anteriores ao tribunal, segundo a parlamentar, mas ela afirma que tentou fazer o deputado catarinense mudar de ideia ainda na votação anterior do caso, na Alesc.
— Falei com ele (Lima) antes, que como líder da bancada e com a história de vida que ele tinha, ele não podia deixar essa injustiça acontecer. Tentei puxar ele para esse lado. Eles (os deputados do PSL em SC) diziam que o receio deles era que para salvar a Daniela teria que salvar o Moisés também, e isso eu compreendia, mas a Constituição garantia a votação separada para os dois. Mas a conversa com ele (Lima) foi antes do voto de agora, e ele nem chegou a me responder, eu vi que ele leu a mensagem mas não respondeu. Mas acho que isso ficou na cabeça dele.
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Zambelli é crítica em relação às dúvidas que a bancada do PSL catarinense tem com Daniela. Para a deputada paulista, a governadora de SC e o presidente Bolsonaro “têm a mesma essência”.
— A Daniela é muito discreta. Ela sabia do papel de vice, ela sabia que o Moisés tinha virado a casaca e abandonado o presidente, mas ela sempre teve responsabilidade na hora de criticar. Muita gente não sabia, mas ela atuava nos bastidores intermediando diálogos com o governo federal. Espero agora uma atuação diferente da que ela tinha como vice. Como governadora ela sabe a responsabilidade de se posicionar, não é hora de ficar em cima do muro. Pode esperar dela uma agenda conservadora, mas também pacificadora. Ela escolhe as brigas que compra. Pode esperar uma postura respeitável com os poderes.
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