O desenho da Rua XV de Novembro em Blumenau no início da década de 1990 já era completamente diferente daquele visto nos tempos áureos e gloriosos do turismo de compras na década de 1970. Lojas com produtos importados da China, de móveis e eletrodomésticos e farmácias deram um perfil de comércio mais popular à via. A inauguração, em 1993, do Neumarkt, o primeiro shopping da center, provocou um baque entre os que não acreditavam no sucesso de um grande centro de compras a poucos metros dali.
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— Era um lugar elegante e novo. E o blumenauense gosta da novidade — reforça historiadora Sueli Petry.
Aflita com a perda de atratividade, a iniciativa privada, em parceria com o poder público, se mobilizou para dar cara nova à Rua XV de Novembro. O empresário Arno Buerger Filho, herdeiro da tradicional Casa Buerger, teve papel importante neste processo, lembra a historiadora Ana Maria Ludwig Moraes. Como presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) no final da década de 1990, ele foi fundamental para convencer seus pares a aderirem ao projeto de reurbanização da via.
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As calçadas da Rua XV foram alargadas, o mesmo paralelepípedo adotado em 1926 foi substituído por pavers, toda a fiação elétrica e de comunicações foi jogada para o subterrâneo e novos bancos e floreiras buscavam repaginar o coração do comércio blumenauense. Um dos destaques do projeto foi o rebatimento dos contornos de edificações de interesse histórico e arquitetônico sobre a pista de rolamento. Com o tempo e o desgaste do material, no entanto, muitas dessas obras de arte deixaram de ser visíveis.
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Uma “nova onda” de rejuvenescimento
Vinte anos depois da reurbanização da Rua XV de Novembro, está em curso o que o secretário de Turismo e Lazer de Blumenau, Marcelo Greuel, chama de uma segunda onda de rejuvenescimento da região central da cidade. Ele se refere a concessões de áreas públicas ao longo da via, incluindo as praças Dr. Blumenau e Victor Konder, a revitalização da Rua Curt Hering e a construção de novos espaços de lazer, como a futura Rosenplatz (Praça das Rosas).
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— Essas concessões vão fazer com que as pessoas andem, caminhem pela cidade. São equipamentos não só para os turistas, mas também para os moradores — defende o secretário.
Paralelo a isso, a prefeitura deve lançar em breve uma licitação para trocar todo o mobiliário da Rua XV e também da Avenida Beira-Rio, incluindo bancos, lixeiras, parapeitos e postes de iluminação. O investimento projetado é de R$ 1 milhão.
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Para o atual presidente da CDL, Eduardo Soares, esses investimentos podem representar um novo marco para o comércio de Blumenau. Com a perspectiva de mais vida, inclusive noturna, na região central, pode ser a hora de o setor aproveitar para rever alguns conceitos, incluindo horários de abertura e fechamento de lojas. Apesar de considerar as iniciativas bem-vindas, o dirigente lembra que os bairros também precisam ser fortalecidos.
— Nunca podemos esquecer que Blumenau cresceu. Não é mais só Centro e Rua XV — pondera.

Você sabia?
Uma lei municipal de 2016 estabeleceu os critérios e regulou a Rota do Lazer em Blumenau, quando a Rua XV de Novembro é fechada para o tráfego de veículos aos domingos e feriados. Mas o debate sobre ampliar espaços de lazer e convivência em uma das principais vias da cidade não é uma novidade.
Na década de 1970, na primeira gestão do prefeito Renato de Mello Vianna, a Rua XV já virava um calçadão aos fins de semana entre as Ruas Floriano Peixoto e a Alameda. A programação incluía apresentações musicais e de teatro, feiras de artesanato, venda de livros e projeção de filmes. Foi um sucesso, como registrou o Santa em edição de 1977, apesar da polêmica que, para variar, havia em torno da iniciativa.

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