A alimentação natural para cães, apesar de não ser novidade, causa estranhamento em muitas pessoas. Entre os benefícios, surgem dúvidas de como os alimentos devem ser preparados, quais podem ser usados e a medida adequada. O receio com esse tipo de comida ocorre tanto por parte do mercado de rações como pelos próprios tutores. Mas o sabor e textura costumam agradar os pets, além de trazer inúmeros benefícios.

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“Essa dieta apresenta maior palatabilidade, menos conservantes, fezes mais firmes e livres de odor, proteção gastrointestinal de uma forma geral, incremento do sistema imunológico, prevenindo doenças e promovendo a saúde dos pelos e da pele”, explica Aluizio Nunes dos Santos, professor do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera de Niterói. Essa alimentação é elaborada de forma individual e adaptada às necessidades nutricionais, estado clínico e físico de cada animal. Pode ser oferecida a todos os tipos de cães: jovens, adultos, idosos, castrados ou não.

Melhor hidratação e proteção renal

A dieta natural pode proporcionar um teor de água 7 vezes maior do que as dietas convencionais, o que ajuda a preservar o sistema renal. Além disso, não há necessidade de uma grande ingestão de líquido. “A carga glicêmica é menor, uma vez que a elaboração da dieta natural não conta com a presença de elevados índices de carboidratos encontrados nas rações convencionais, que possuem grãos como matéria prima. Fato benéfico para controle da obesidade”, analisa o professor.

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Temperos podem ser perigosos

Segundo o professor Aluizio Santos, os cães não necessitam de vários sabores em todas as refeições. “O paladar dos nossos amigos pets é muito mais apurado e temperos, de uma forma geral, não são tolerados. Alguns deles, como a cebola, podem causar idiossincrasias sanguíneas, como oxidação das hemácias. Outros podem afetar diretamente o metabolismo hepático e a parte gastrointestinal, promovendo diarreias”, alerta.

Procure um veterinário antes de começar

Como regra geral, qualquer raça pode aderir à alimentação natural, mas o ideal é procurar um veterinário para verificar se o seu pet não possui alguma restrição ou intolerância. “Um exemplo disto seriam animais que apresentam intolerância a carboidratos ou doenças pré-existentes, em que ocorra a restrição a carboidratos, como no diabetes, e proteínas, no caso da insuficiência renal”, explica Aluizio Santos.

Montagem do prato

Os alimentos mais indicados são frutas e vegetais. O professor Aluizio Santos explica como deve ser a composição de uma refeição equilibrada: “A proporção deve ser minuciosamente calculada, admitindo-se, inclusive, suplementação natural. Elabora-se a dieta com 30% de carnes desossadas (proteína), 30% de vegetais e 35% de carboidrato (macronutrientes)”.

Segundo ele, a alimentação também pode ser suplementada com óleo vegetal de boa qualidade, como azeite de oliva, óleo de coco ou óleo de linhaça. “Pode ter como suplemento opcional sal integral e óleo de peixe. O importante é que se tenha em mente a necessidade nutricional do pet, que será atendida através de um cardápio elaborado por um profissional especializado em nutrição animal”, afirma.

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Escolha apenas um tipo de alimentação

De acordo com o professor Aluizio Santos, não é contraindicado misturar a ração com a alimentação natural, porém, não existe propósito em conciliar as duas.
“A dieta natural consegue substituir perfeitamente a dieta de ração convencional, não existe sinergismo e ainda pode ocorrer super suplementação e excesso de nutrientes, sobrecarregando o sistema renal, hepático e gastrointestinal”, alerta.

Ração x Alimentação Natural

A comida natural costuma ser mais atrativa para os animais por ter textura e sabor mais agradáveis ao paladar. Alguns cães podem ter alergia à proteína de origem animal, nesse caso, podem aderir à uma dieta rica em proteína vegetal. Segundo o professor de Medicina Veterinária, a grande vantagem da ração é a praticidade, pois não necessita de preparo. “A desvantagem é ser elaborada através de uma fórmula ‘fixa’, seguindo um organograma. As rações terapêuticas tratam somente um tipo de doença, por terem uma fórmula pronta”, explica.

Ainda de acordo com Aluizio Santos, por tratar só um tipo de doença, o uso da ração terapêutica pode agravar outros sintomas. “Ao passo que a vantagem da alimentação natural é ser ajustada com níveis variáveis de nutrientes e adaptada para cães que possuem mais de uma doença, por exemplo, alergia e cálculos urinários”, analisa.

Principais diferenças

O professor explica que a composição da ração é equilibrada e elaborada matematicamente. “A maioria é composta de um percentual maior de carboidrato, denominado extrato etéreo. Algumas rações possuem como matéria prima o milho e a soja transgênicos, vísceras e outras partes processadas que não são adequadas para o consumo humano, além de conservantes, que podem ser cancerígenos. Por se tratar de um alimento seco, contém 10% de água apenas”.

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Já a alimentação natural possui menor porcentagem de extrato etéreo e a quantidade de água presente é de 60 a 80% no total. “A grande diferença da dieta natural em relação à ração é que ela busca a adaptação do alimento para melhorar a digestão dos pets. A fisiologia mastigatória nos prova isso, já que os dentes dos pets são adaptados para rasgar o alimento e não triturar, como é o caso da ração”, ressalta Aluizio Santos.

Quantidade adequada de comida

Na hora de decidir a quantidade certa de comida, é preciso levar em consideração o porte do cachorro, além da idade e questões específicas, como metabolismo e maturidade orgânica relativos à idade e raça. “Geralmente, calcula-se tendo como base o peso corpóreo. Um cão adulto deve receber diariamente de 3 a 10% do seu peso, já o de pequeno porte deve receber de 8 a 10% do seu peso”, explica o professor Aluizio Santos.
Ainda segundo ele, os intervalos das refeições “diferem por haver questões a serem consideradas, como a velocidade do metabolismo. É importante que o cálculo seja realizado em cima do peso ideal do seu pet. A oferta deve ser feita duas vezes ao dia”.

Introdução da alimentação natural

Os filhotes devem ser alimentados com o leite materno, após a fase de desmame, que costuma ser por volta da terceira a quarta semana de idade, a alimentação natural pode ser introduzida. Conforme explica o professor de Medicina Veterinária, as refeições não precisam ser preparadas diariamente. “É perfeitamente possível elaborar o cardápio, preparar uma grande quantidade de comida e congelar em pequenas porções, para que possam ser oferecidas de forma fracionada por até 30 dias”, acrescenta.

Ingestão de frutas

As frutas são opções saudáveis tanto para os seres humanos como para os cães. No entanto, nem todas são indicadas para eles. “Frutas como banana, kiwi e morango podem ser oferecidas, maçã e laranja embora cítricas, também, contanto que as sementes sejam removidas, assim como melancia, pera, pêssego e caqui. Porém, devem ser evitadas as frutas cítricas e as ditas laxantes, como abacate e mamão. A semente da uva é tóxica ao organismo de nossos pets”, esclarece o professor.

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Alimentos proibidos

Alguns alimentos não são tolerados pelos pets, por questões metabólicas e fisiológicas. “Como a cebola, que leva a oxidação das hemácias e causa o rompimento delas. Massas em geral podem acarretar distensão abdominal e dor, por causa da presença de fermento, levando o pet a desenvolver um quadro de cólica e a produção de gases”, conta o professor de Medicina Veterinária. A substância metilxantina, presente no chocolate, “pode levar a casos de intoxicações graves e, se não for identificada e tratada em tempo, pode levar a óbito. Doces estão contraindicados, pois podem causar obesidade e problemas dentários, além de diabetes”, acrescenta.

Também é proibido o uso de produtos derivados do leite, que podem acarretar sérios problemas gastrointestinais. “Produtos como queijo minas e cottage podem ser oferecidos, pois estes não possuem lactose e, sim, caseína, que é uma proteína encontrada no soro do leite”, esclarece Aluizio Santos. Inclusive, toda proteína de origem animal deve ser oferecida após o cozimento, para evitar contaminação por microrganismos.

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