Informações do boletim de ocorrência, o qual o jornalista da NSC Leonardo Thomé teve acesso, detalham a cronologia do dia em que Catarina Kasten, de 31 anos, foi encontrada morta em uma trilha da Praia do Matadeiro, em Florianópolis. Nesta sexta-feira (28), o assassinato da estudante completa uma semana.
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Catarina era estudante da pós-graduação de Estudos Linguísticos e Literários da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e professora de inglês. Segundo o marido da vítima, Roger Gusmão, os dois planejavam construir uma casa na Praia dos Açores em janeiro do próximo ano.
Mas todos os planos foram interrompidos. A professora de Inglês saiu de casa para ir a uma aula de natação, na Praia da Armação, na sexta-feira (21), quando foi surpreendida por um desconhecido na pequena trilha que liga as duas praias. Catarina foi estuprada e assassinada. O corpo dela foi encontrado no mesmo dia, em uma área de mata perto da trilha. O suspeito confessou o crime e foi preso.
Quem era Catarina
Veja a cronologia do caso
Manhã de sexta-feira
- 06h05min – Câmeras situadas na entrada da trilha (veja abaixo) registram um homem com camiseta azul, calça e tênis, escondendo-se atrás de uma lixeira e, em seguida, entrando em direção à Praia do Matadeiro.
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- 6h50min – Catarina sai de casa em direção à aula de natação.
- 06h53min – O mesmo indivíduo aparece correndo pela areia, sem camisa e usando bermuda branca, passando cerca de 30 segundos após a vítima, na mesma região.
- Ainda pela manhã, duas turistas relataram que foram surpreendidas por um homem que surgiu repentinamente atrás delas, observando o mato na trilha. Elas tiraram fotos do homem, e as imagens permitiram identificar que se tratava da mesma pessoa registrada nas câmeras da comunidade.
- Por volta das 9h, o marido de Catarina percebe que ela ainda não retornou da aula de natação.
Tarde de sexta-feira
- 12h – Marido de Catarina recebe mensagens do grupo de natação informando que os pertences da vítima foram encontrados na trilha da praia. Preocupado, ele liga para uma das professoras, que o informa que a estudante não compareceu à aula naquela manhã.
- 13h09min – A Polícia Militar é acionada pelo marido e família de Catarina.
- Dois homens abordam os policiais e informam que encontraram um corpo na trilha.
- As imagens feitas pelas turistas foram compartilhadas entre moradores, que reconheceram o indivíduo. Segundo a polícia, o reconhecimento espontâneo, embora informal, direcionou investigação ao principal suspeito.
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- 22h40min – O suspeito, de 21 anos, foi preso em flagrante e confessou o crime. O homem disse que voltava de uma festa e, ao ver Catarina, teria sido influenciado por “vozes na cabeça”. Ele admitiu que estuprou a vítima ainda com vida, estrangulou, e arrastou o corpo para dentro da mata para esconder.
- Durante a abordagem, os policias encontraram arranhões nas costas dele. As roupas usadas durante o crime e visualizadas nas gravações foram encontradas na casa do suspeito.
Assista ao vídeo das câmeras de segurança
Homem teria estuprado idosa em 2022
Além da morte de Catarina, o homem será investigado por suspeita de estuprar uma idosa de 69 anos em 2022 enquanto fazia serviços de jardinagem em uma casa no bairro Açores, no Sul da Ilha. Na época, ele tinha 17 anos.
De acordo com o boletim de ocorrência, o crime foi registrado no dia 4 de janeiro de 2022, por volta das 18h. Na situação, a idosa relatou que estava em uma chamada de vídeo com uma amiga quando foi surpreendida pelo agressor. Ele a derrubou no solo e a estuprou. No dia, havia homens na casa da vítima fazendo serviços de jardinagem. A vítima foi levada para o hospital, onde recebeu atendimento.
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O inquérito já havia sido concluído em julho deste ano, mas como nenhum suspeito havia sido localizado, ninguém havia sido indiciado. Agora, o caso será reaberto.
Petição quer mudar o nome da praia
Um abaixo-assinado quer mudar o nome da Praia do Matadeiro para Praia Catarina Kasten. A proposta, que contava com mais de 6 mil assinaturas até a manhã desta quinta-feira (26), busca homenagear a estudante e dizer “de forma pública e permanente” que a vida das mulheres importa.
Segundo a petição, a ideia não é apagar a história do Matadeiro, mas acrescentar uma nova camada de significado ao local. “É uma forma de dizer que Catarina não será esquecida, que a sua presença permanece, e que essa cidade não aceitará que vidas como a dela desapareçam sem deixar marcas profundas”, diz um trecho da proposta.
Conforme a Câmara Municipal de Florianópolis, normalmente é um processo longo, visto que envolve questões culturais e turísticas da cidade. Até a manhã desta quarta-feira (26), nenhum texto sobre o tema havia chegado ao legislativo municipal.
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O texto na íntegra pode ser conferido no site oficial do abaixo-assinado.
Qual é a situação atual do suspeito?
O suspeito de matar Catarina Kasten passou por uma audiência de custódia no sábado (22), um dia após ser preso em flagrante, e teve a prisão mantida pela Justiça. A defesa do homem é feita pela Defensoria Pública de Santa Catarina.
O suspeito é natural de Viamão, no Rio Grande do Sul, e mora na região Sul da Capital desde 2019 com familiares.






