Durante a Quaresma, é comum que a procura por peixes aumente em Santa Catarina. Neste ano, estimativas da Secretaria Executiva da Aquicultura e Pesca apontam que as vendas dos pescados podem crescer até 30% durante o período especial para os católicos, com pico próximo à Sexta-Feira Santa. Em Florianópolis, o Mercado Público da Capital, ponto de referência para os consumidores de pescados, segue o mesmo ritmo, mas a clientela se preocupa com os preços dos peixes, que, em alguns casos, acabam até desacelerando as vendas, dizem alguns comerciantes.

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Jaqueline de Val Pereira, de 52 anos, e a filha, Endy Christine de Val, de 23 anos, já sentiram o aumento do preço dos pescados no bolso. As duas são de Brasília, mas moram em Florianópolis há três anos. Mãe e filha sempre tiveram o costume de comprar filés de tilápia a cada 15 ou 20 dias, mas tiveram que trocar de opção recentemente devido à alta nos preços.

— Uma coisa muito gostosa seria comprar carne, uma picanha, mas é tipo 60, 75 reais o quilo, muito caro. Então eu prefiro ir no Mercado Público e comprar um peixinho, que eu gosto — comenta a filha.

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Elas costumavam pagar, em média, R$ 40 no quilo de filé de tilápia.

— Nos últimos dias, além da carne também estar cara, o peixe também aumentou muito. Agora, eu não consigo mais comprar tilápia no valor que está — afirma.

Da última vez que Endy foi ao estabelecimento, não encontrou filés ao preço que estava acostumada e, por isso, acabou levando o alabote, por R$ 40 o quilo.

— O peixeiro me falou que era um peixe chileno, que seria tipo a nossa tilápia. Como estava bonitinho e mais barato, levei ele.

Mesmo com os preços, a família ainda mantém os peixes na rotina alimentar. A irmã mais velha de Endy, por exemplo, não come carne vermelha. Quando ela veio visitar a família, há duas semanas, a mais nova foi ao Mercado Público comprar camarão.

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— O peixe acaba sendo uma opção para as pessoas que não comem carne vermelha e que não querem comer só frango. Camarão ainda tem um preço bom, você consegue comprar um quilo a R$ 40 — comenta.

Peixe está escasso e preços sobem

O peixeiro Isaac Carvalho Silva, de 29 anos, trabalha no Mercado Público. Ele conta que o peixe está escasso porque, no momento, alguns deles estão no período de defeso. É o exemplo do camarão, que tem a captura proibida até o dia 30 de abril em Santa Catarina.

Na peixaria onde Isaac trabalha, os peixes mais procurados são a anchova, que está com o quilo a R$ 18, e a tilápia inteira, também a R$ 18.

Mas de fevereiro até o início de março, as vendas dos pescados caíram. Dados da indústria fornecidos pela Secretaria Executiva da Aquicultura e Pesca, mostram que o segundo mês do ano teve uma queda de 12% na procura pelos pescados, logo após um aumento de 30% de dezembro a janeiro.

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Ronaldo Oliveira, de 57 anos, é peixeiro no Mercado Público e atribui o aumento do preço dos peixes ao momento atual da economia brasileira.

— O país ficou caro, e o peixe vai no mesmo caminho. A procura está aquecendo com a Quaresma, mas estamos passando por um período de pouco peixe. O de cativeiro, que é a tilápia, está R$ 18 o quilo. Eu acho caro — comenta.

O vendedor diz que os preços dos pescados não diminuem há cinco anos.

Economista explica alta

Para o professor de Economia e Finanças Edivan Junior Pommerening, a inflação geral dos alimentos no Brasil impacta no preço dos peixes. Nos últimos 12 meses, Florianópolis foi a capital brasileira com maior inflação acumulada: 6,66%. A média nacional foi de 5,06%, de acordo com dados da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).

Além disso, o aumento da procura por peixes no período da Quaresma também impacta diretamente nos preços, conforme Pommerening.

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— A lei da oferta e demanda, salvo raras exceções, é quem dita os preços no mercado. Neste contexto, quanto maior a demanda por peixes, mais os preços tendem a subir — pontua.

Segundo a Secretaria Executiva da Aquicultura e Pesca, os catarinenses costumam buscar peixes típicos do litoral, como tainha, sardinha, anchova, linguado, gordinho, guaivira e manezinho. Além dessas espécies regionais, a tilápia, o salmão e o bacalhau também estão entre os mais procurados.

Veja fotos dos pescados

Alguns destes são os favoritos de Anita da Cruz Nazer, de 60 anos. A aposentada compra peixes de uma a duas vezes por mês, que vão da tainha à corvina ou ao cação.

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— Para duas refeições, eu costumo gastar R$ 80, R$ 100 em uma compra. Então, fica na média de R$ 60 — conta.

Para ela, o preço da carne incentivou o aumento do consumo de peixe, mas Anita ainda não adquiriu pescados desde que a Quaresma começou e, por isso, diz que ainda não notou o aumento nos preços.

*Sob supervisão de Andréa da Luz

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