Esta é uma época em que o mundo parece se dividir em dois. De um lado, os que amam o Natal, do outro, os que odeiam. A pandemia acentuou a dicotomia nesta que é considerada uma festa especialmente de família. A proximidade de um final de ano atípico, cheio de restrições e exigindo sacrifícios para um presente maior – a saúde de todos – também se intensifica pelas vitórias e perdas frente ao coronavírus.

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Na casa de Jesus Jayr Fernandes, 66 anos, a alegria de quem depois de 42 dias de UTI, venceu a doença. Entre a família, colegas e amigos do médico Jonas Coelho Lehmkuhl, 55 anos, a dor e a saudade. Mas, assim como o legado do doutor Jonas, um profissional comprometido com a saúde dos demais e que também morava em Lages, o momento é de intensificar as ações para estancar a alta transmissão do coronavírus. É o que propõe a médica Maria Simone Braga de Oliveira, diretora técnica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Forquilhinha, em São José.

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A região da Grande Florianópolis encontra-se em risco gravíssimo para o coronavírus, conforme a matriz de risco do governo do Estado. Na última semana, os hospitais da Grande Florianópolis tiveram taxa de ocupação de 97% e próximos de atingir a lotação máxima nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para adultos.

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Mas onde está a dificuldade em frear o vírus para que não se espalhe ainda mais num Estado onde já matou mais de 4 mil catarinenses?

– A raiz do problema está em casa, nas reuniões de famílias, jantares e churrascos – alerta a médica Maria Simone.

A irresponsabilidade de alguns

Cerca de 250 pessoas vão por dia à UPA em busca de atendimento relacionado à Covid-19. É com base nos relatos que houve que a médica sustenta o argumento. Para ela, isso não está relacionado às eleições, eventos ou mesmo a ida a restaurantes:

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– De modo geral, estas ações e estabelecimentos exigem medidas básicas, como máscara, distanciamento, uso de gel. O mesmo não ocorre nestas reuniões familiares, onde fica todo mundo no mesmo lugar e por causa da informalidade sem a devida atenção – diz.

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Na linha de frente do combate ao coronavírus, a médica fala também sobre a irresponsabilidade de algumas pessoas que mesmo com atestado devido à Covid-19 (o que pressupõe a quarentena) saem às ruas e ajudam a disseminar o vírus:

– Nesta semana, um rapaz chegou com uma entorse no pé. Ao abrir o prontuário, percebi que ele já estava com atestado por causa da Covid-19. Respondeu-me que sim, e que foi numa partida de futebol com os amigos – conta ela.

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A irresponsabilidade não tem idade. Um homem de 65 anos, também atendido pela médica, disse que uma semana antes havia perdido o olfato e paladar devido a uma gripe. Mas que não deu bola, “pois era normal” e que ele e o irmão, com os mesmos sintomas, inclusive, haviam participado de um jantar com outras pessoas.

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– Muita gente só se assusta quando tem um caso muito próximo – diz a médica.

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A regra é clara: só sair de casa se necessário

A prefeitura de São José mantém um sistema de atendimento exclusivo aos pacientes com sintomas respiratórios, que funciona desde o mês de março no Centro de Atenção à Terceira Idade (CATI). No Centro Multiuso funciona a central de testagem PCR. São feitos entre 150 a 200 atendimentos por dia.

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Pelo centro de atendimento aos sintomáticos respiratórios já foram feitos 20 mil atendimentos médicos, além dos atendimentos de enfermagem. Na UPA, são 30 mil atendimentos respiratórios e mais 40 mil com queixas diversas. Em média, são 500 atendimentos ao dia a pacientes com sintomas respiratórios. A UPA faz o atendimento inicial e visa a estabilização do paciente, para posteriormente encaminhá-lo à rede hospitalar.

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UPA de São José atende cerca de 250 pessoas por dia em busca de cuidados relacionados à Covid-19 (Foto: Patrick Rodrigues)

Neste momento, diz a médica, é necessária a contribuição de cada pessoa e todos os dias. A regra é clara: só sair de casa se necessário, utilizar máscara, manter o distanciamento.

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– Se dentro de casa algum familiar estiver com sintomas respiratórios, deve-se utilizar máscara no domicílio e manter as medidas de higiene com a lavagem frequente das mãos e uso de álcool gel – orienta Maria Simone.

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