Dez anos depois, as ondas de ataques em SC deixaram algumas mudanças na forma de combate à criminalidade no Estado. Um dos avanços apontados pelo delegado Antônio Cláudio Seixas Joca é justamente a criação da unidade pela qual ele responde hoje, a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), implantada após as duas ondas de ataques, no fim de 2013. Novas divisões específicas para combate a organizações criminosas foram criadas também no Ministério Público e no Judiciário.
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— Foi um avanço enorme a criação dessa delegacia em 2013. Porque hoje fazemos um trabalho especificamente voltado a essas facções criminosas, que atuam no Estado inteiro. A gente vem desde 2016, trabalho em cima de trabalho, monitorando, iniciando e prendendo essas lideranças do crime organizado. Isso acaba mostrando que a repressão vem forte (em caso de novas tentativas de atentados) — avalia.
O Estado também passou a contar com núcleos de inteligência nos presídios que identificam situações suspeitas e que possam exigir isolamento de membros de facções. Uma nova unidade de segurança máxima em São Cristóvão do Sul foi inaugurada ano passado e também é apontada como um reforço para esta missão de segregar líderes do crime organizado.
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O analista de segurança Eugênio Moretzsohn, que acompanhou os episódios à época dos atentados, afirma que os profissionais da segurança passam por rigoroso processo seletivo e são monitorados por órgãos de controle interno, o que evitaria excessos no execício do trabalho. Na avaliação dele, preocupações importantes nesta área 10 anos após os ataques seriam investimentos no sistema prisional e a oferta de condições de ressocialização.
— Não podemos nos esquecer que o detento necessita, enquanto cumpre a pena que lhe foi imposta, passar por um processo educacional que o prepare para o retorno à convivência social e que, enquanto aguarda, não deve passar por maus-tratos, limitações de assistência e outras restrições que não sejam aquelas ditadas pelas normas legais — avalia.
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O ex-diretor do Departamento de Administração Prisional do Estado (Deap) de 2011 a 2022, Leandro Lima, que chegou a ser secretário de Estado desta área, cita três pontos em que o Estado atuou após os ataques e o isolamento dos presos, como melhorias de médio e longo prazo. São elas: a capacitação de policiais penais, com criação de uma academia para ajudar na formação, a melhoria nas infraestruturas dos presídios e as políticas de reabilitação, como aumento na oferta de trabalho e estudo para detentos.
— Essas três colunas redefiniram o sistema prisional até aqui. Aprendemos muito de lá para cá, avançamos muito, de maneira que o sistema vem sendo bem controlado até o presente momento — aponta Lima.
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Segundo ele, medidas como o aumento de parcerias para trabalho e estudo dos detentos ajudam a diminuir a influência das facções, um problema presente em diversos estados e países.
— É um problema também de SC, a gente tem uma diversidade de facções, mas acredito que nos últimos anos, a gente percebeu outro olhar para o sistema prisional também nos outros estados. Santa Catarina deixa muito claro que se a gente fizer uma política de Estado, e não de governo, é possível enfrentar o crime organizado — avalia o ex-secretário.
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