O presidente Jair Bolsonaro (PL) mentiu nesta segunda-feira (22) ao ter afirmado que nunca xingou ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). A declaração foi dada durante sabatina dos presidenciáveis no Jornal Nacional, da Rede Globo.
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O presidente da República foi o primeiro candidato a presidente a participar do programa. No ano passado, contudo, o chefe do Executivo chamou o ministro Alexandre de Moraes de “canalha”. Além disso, já chamou o ministro Luís Roberto Barroso de “filho da puta”.
O presidente foi cobrado pelos apresentados a assumir um compromisso de que respeitará o resultado das eleições. No entanto, novamente colocou uma condicionante de que faria isso se considerar que as eleições foram “limpas”.
— Serão respeitados os resultados das urnas desde que as eleições sejam limpas —afirmou o presidente.
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Capitais têm panelaços durante entrevista de Bolsonaro ao Jornal Nacional
Jair Bolsonaro também foi questionado sobre as ações antidemocráticas de seus apoiadores. Respondeu que se trata de “liberdade de expressão”:
— Quando alguns falam em fechar o Congresso, é liberdade de expressão deles. Eu não levo para esse lado.
Bolsonaro foi questionado se faltou compaixão de sua parte por ter imitado pacientes de Covid-19 que tinham falta de ar.
— A solidariedade eu me manifestei conversando com o povo nas ruas, visitando as periferias de Brasília, vendo pessoas humildes que foram obrigadas a ficar em casa sem ter um só apoio de governador ou prefeito. E nós demos auxílio emergencial imediatamente — disse.
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Jair Bolsonaro afirmou que não retardou a compra de vacinas e repetiu as alegações de que a Pfizer pretendia impor condições impraticáveis para fornecer os imunizantes. A CPI da Covid, no entanto, apontou que as propostas da farmacêutica americana ficaram meses sem resposta.
Nesta semana também serão sabatinados Ciro Gomes (dia 23), Luiz Inácio Lula da Silva (25) e Simone Tebet (26).
Apesar de Bolsonaro fazer críticas recorrentes à Globo e de já ter até orientado sua militância a não assistir a emissora, a entrevista ao Jornal Nacional é tratada pelo entorno do presidente como um dos momentos mais importantes da campanha.
Bolsonaristas prepararam uma grande mobilização nas redes sociais para aumentar a repercussão da sabatina.
A hashtag #BolsonaroNoJN foi usada em postagens nas redes sociais por ministros do governo, por filhos do mandatário e por outros aliados. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PP), publicaram nas redes um vídeo no qual Bolsonaro olha para o celular e um interlocutor fala “olha a cara do presidente preocupado hoje com o JN”. Bolsonaro então responde:
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— Vou dar um beijo no [William] Bonner hoje.
A aposta de estrategistas da campanha é que a participação do mandatário no telejornal de maior audiência do país pode alavancar o presidente nas pesquisas e ajudar a expor ações do governo federal.
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Entrevista em 2018
Em 2018, o Jornal Nacional também fez entrevistas com os candidatos. A sabatina do então candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, no Jornal Nacional, da TV Globo, foi marcada por polêmicas e por dois momentos de discussões intensas com os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos.
A primeira discussão foi feita durante resposta a uma pergunta sobre a diferença salarial entre homens e mulheres. Bolsonaro disse que esta é uma questão que já está resolvida na Constituição. Renata Vasconcellos rebateu e perguntou o que ele poderia fazer sobre o tema caso fosse eleito e o então candidato insinuou que o salário dela era menor do que o de Bonner.
“Meu salário não te diz respeito”, afirmou Renata. “O salário do senhor é pago com dinheiro público. Eu posso lhe garantir que jamais aceitaria receber um salário menor que um homem em uma função semelhante à minha”. Bolsonaro a interrompeu e disse que a Globo “vive em grande parte de recursos da União”.
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Em discussão posterior, Renata e Bonner tentaram evitar que Bolsonaro exibisse a cartilha “Aparelho Sexual e Cia”, que, segundo ele, foi distribuído em escolas públicas.
Em outro momento, Bolsonaro disse que as falas do General Hamilton Mourão (PRTB), vice dele, sugerindo ação militar “estão em consonância com o que grande parte da população acredita”. Em seguida, ele leu trecho de editorial do fundador da Globo, Roberto Marinho, em apoio ao Golpe Militar de 31 de março de 1964.
Ao final do telejornal, Bonner leu nota em que as Organizações Globo reconhecem que o apoio ao governo militar foi um erro. O texto é o mesmo lido pela jornalista Miriam Leitão em sabatina com o candidato no começo do mês, na Globonews.
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Entrevistas terão duração de 40 minutos
Com duração prevista de 40 minutos, as entrevistas serão transmitidas ao vivo pela TV Globo, pelo Globoplay e pelo g1 direto dos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro. O cenário manterá a linguagem e a identidade visual do ‘Jornal Nacional’ na movimentação das câmeras e nos elementos gráficos e cenográficos.
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Foram convidados os cinco candidatos mais bem colocados na pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Instituto Datafolha em 28 de julho. Com a retirada da candidatura de André Janones (Avante) e com o consentimento dos representantes de todos os partidos, a entrevista de Ciro Gomes foi antecipada em um dia, para garantir que todas sejam exibidas na mesma faixa horária, já que às quartas-feiras, por conta do futebol, o ‘Jornal Nacional’ vai ao ar mais cedo. A ordem das entrevistas é a mesma que foi sorteada em 1º de agosto, sem prejuízo aos demais candidatos.
Confira as entrevistas no JN:
Entrevista de Ciro Gomes (PDT)
Entrevista de Simone Tebet (MDB)
*Com informações de Matheus Teixeira, Renato Machado e Ricardo Della Coletta
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