Os Comandos das Forças Armadas brasileiras tiveram um 2020 com os melhores cortes de carne e cervejas de marcas famosas. Em ano de pandemia, com necessidade de gastos em saúde e em políticas públicas para os mais vulneráveis, os militares do Exército e da Marinha compraram 714,7 mil quilos de picanha e 80 mil unidades de cervejas com verba pública. Além disso, há fortes indícios de superfaturamento dos produtos.
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Um relatório com os gastos dos comandos foi enviado à Procuradoria Geral da República pelos deputados Elias Vaz (PSB-GO), Alessandro Molon (PSB-RJ), Denis Bezerra (PSB-CE), Lídice da Mata (PSB-BA), Camilo Capiberibe (PSB-AP), Bira do Pindaré (PSB-MA), Vilson da Fetaemg (PSB-MG), Aliel Machado (PSB-PR) e Marcelo Nilo (PSB-BA).
O levantamento foi realizado pelos próprios deputados por meio do Painel de Preços do Ministério da Economia. Os parlamentares também conferiram a situação dos pregões listados no sistema e, segundo o relatório, todos foram homologados.
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Produtos adquiridos
Marcas como Heineken, Stella Artois e Eisenbahn foram compradas pelas Forças Armadas. Em relação à carne, a picanha foi a escolhida. Só o Comando do Exército Brasileiro abriu processos de compras para 569 mil quilos.
Das 80.016 unidades de cerveja contratadas, apenas 7.304 foram por dispensa de licitação. Dos 76 processos de compra da carne, apenas 3 foram dispensaram a licitação.
“Enquanto milhões de brasileiros sofrem com os efeitos trágicos da pandemia nos campos sanitário e financeiro, nossos militares consumem cortes nobres como a picanha e tomam cervejas, algumas especiais”, escreveram os deputados no documento.
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Eles ainda sugerem que as Forças Armadas realizaram festas mesmo durante a vigência de recomendações sanitárias de distanciamento social.
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Superfaturamento
Além das compras desses itens, os deputados demostram que houve superfaturamento, tanto na compra da picanha como na cerveja, com produtos que chegam a 60% de sobrepreço.
Por exemplo, em uma das licitações, os militares contrataram 1.008 latas de Bohemia Puro Malte, de 350 ML, pelo valor de R$ 4,33 cada unidade. Ao ir no mercado, os parlamentares encontraram o mesmo produto por R$ 2,59, ou seja, um aumento de 67%.
Resposta do Ministério da Defesa
O Ministério da Defesa e as Forças Armadas aguardam a notificação da PGR e em nota “reiteram seu compromisso com a transparência e a seriedade com o interesse e a administração dos bens públicos”. O órgão afirma que eventuais irregularidades são apuradas com rigor.
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Eles ainda dizem que os valores estão errados e que “apresentar valores totais de processos licitatórios homologados como sendo valores efetivamente gastos constitui grave equívoco“.
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*Com supervisão de Raquel Vieira
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