O secretário de Saúde de Santa Catarina, André Motta Ribeiro, declarou nesta quinta-feira (24) que uma possível “descontinuidade da gestão” pode ameaçar o combate à pandemia de coronavírus no Estado. Ele fez críticas ao processo de impeachment que pode afastar o governador Carlos Moisés (PSL) e a vice, Daniela Reinehr (sem partido), e o classificou como um “golpe ao Estado de Direito dos catarinenses”. As declarações foram dadas em entrevista ao Bom Dia Santa Catarina, da NSC TV.
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— Talvez tudo que tenha sido feito, talvez até por outros entendimentos, possa ser destruído. E aí a nossa sociedade vai ficar à mercê sei lá do que que vai acontecer ali na frente. Nós temos, sim, essa preocupação de descontinuidade, e é nesse sentido que nós estamos trabalhando, para evitar que isso aconteça, porque não é justo, não é digno que o Estado de Santa Catarina esteja passando por esse momento tão triste da sua história — declarou.
Motta defendeu as ações do governo catarinense durante a pandemia e afirmou que a pasta está se organizando junto aos municípios para tentar evitar uma nova aceleração da doença.
— A gente está organizando toda a nossa estrutura com os municípios, para que a gente possa precocemente identificar casos, monitorar e rastrear contatos. Dessa forma a gente consegue diminuir a possibilidade da segunda onda. Mas se as coisas não forem feitas de uma forma correta e profissional, corremos o risco, sim, de em alguns meses aí para frente termos uma segunda onda tão forte quanto à primeira — afirmou.
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Conforme mapa de risco divulgado pelo governo catarinense nesta quinta, o Estado tem 15 regiões em nível grave para a doença e uma em nível alto. Pela primeira vez em mais de três meses, não há regiões em nível gravíssimo, o mais alto nível de alerta para a doença.
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Ainda na entrevista à NSC TV, Motta também fez críticas diretas ao processo de impeachment. Ele disse que a chance de afastamento de Moisés e Daniela coloca Santa Catarina “à beira de um desastre”, declarou que o processo é motivado por um “pequeno grupo” com interesses próprios, e afirmou ainda que o afastamento do governador e da vice “é um golpe ao Estado de Direito dos cidadãos catarinenses”.
O processo de impedimento contra Moisés e Daniela foi aprovado na Alesc na última quinta-feira (17), por 33 votos a 6 no caso de Moisés e 32 a 7 no caso de Daniela.
O pedido acusa o governador e a vice de crime de responsabilidade por fazer uma equiparação salarial de procuradores do Estado à mesma faixa salarial dos procuradores da Alesc. Segundo o pedido, o reajuste seria ilegal e também não poderia ter sido feito por decisão administrativa, como ocorreu, mas somente por projeto de lei.
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Nesta quarta (23), os membros do tribunal de julgamento que vai decidir sobre o afastamento ou não foram definidos pelo Tribunal de Justiça de SC e pela Assembleia Legislativa (Alesc). O tribunal vai ter 10 dias para preparar e votar um relatório sobre o prosseguimento ou não do processo de impeachment. A primeira reunião está marcada para as 10h de sexta-feira (25).