O cometa 3I/Atlas, descoberto em julho, virou foco de estudo e observação de cientistas do mundo todo, especialmente por ser um objeto interestelar – apenas o terceiro visitante desse tipo já detectado em nosso sistema solar. Uma descoberta recente torna o monitoramento desse corpo celeste ainda mais empolgante: ele pode cruzar o caminho de uma sonda da NASA, a agência espacial americana.
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A sonda Europa Clipper, maior missão espacial já desenvolvida pela humanidade, foi lançada no dia 14 de outubro de 2024 e está a caminho de Júpiter, mais precisamente da Lua Europa, um dos astros com maior potencial de abrigar vida em nosso sistema solar. Mas, recentemente, pesquisadores identificaram um alinhamento raro entre a sonda, o 3I/Atlas e o Sol.
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O vento solar (fluxo de partículas carregadas emitido pelo Sol) empurra os detritos da cauda iônica do cometa, e as simulações indicam que a nave pode atravessar essa “chuva” de fragmentos. Esse possível cruzamento, portanto, não será um impacto direto da sonda com o núcleo do cometa 3I/Atlas, mas sim uma espécie de “travessia” da nave nas partículas deixadas pela cauda do nosso visitante interestelar.
O cruzamento entre a sonda e o cometa deve acontecer entre os dias 30 de outubro e 6 de novembro de 2025.
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Oportunidade para estudos
A possibilidade de uma sonda cruzar o caminho do 3I/Atlas anima os cientistas. Isso porque esse cruzamento oferece uma chance inédita de a sonda usar seus instrumentos para coletar e analisar diretamente o material, o plasma e os campos magnéticos de um objeto de outro sistema estelar, fornecendo dados científicos raríssimos e aumentando as informações a respeito do cometa.
O encontro permitirá que a sonda, que possui detectores de plasma e partículas, mergulhe diretamente na cauda iônica do cometa. Isso significa que, em vez de depender de observações remotas por telescópios, os cientistas vão poder coletar dados e materiais diretamente do astro, além de observar o plasma e o campo magnético.
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Coletar essas partículas e íons oferece uma chance de determinar a composição química e a estrutura de um objeto vindo de fora do nosso sistema solar pela primeira vez, fornecendo dados diretos e inéditos sobre a formação de outros conjuntos planetários, algo que simplesmente não é possível com objetos nativos do nosso próprio sistema solar.
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Qual é a missão da sonda Europa Clipper?
Maior missão de exploração interplanetária já desenvolvida pela NASA, a Europa Clipper tem como objetivo investigar se a Europa, uma das Luas de Júpiter, possui um oceano subterrâneo. Caso essa hipótese se confirme, é um forte indício de que o astro pode abrigar vida.
A chegada da sonda em um dos satélites naturais de Júpiter está prevista para abril de 2030. Mas, antes disso, ela terá pequenos “desvios” na trajetória. Um deles já foi realizado, em Marte, em março de 2025, e tem mais uma “parada” na Terra programada para ocorrer em dezembro (essas paradas são chamadas tecnicamente de assistência gravitacional).
a missão Europa Clipper é o maior passo já dado na incessante busca dos cientistas por lugares que possam abrigar vida fora da Terra. Serão 49 sobrevoos à Lua Europa, utilizando um conjunto de instrumentos que vão coletar dados e amostras, que vão revelar se a lua e seus oceanos possuem as condições mínimas para gerar e manter seres vivos.
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