Vereadores querem CPI para apurar possíveis irregularidades na Casa São Simeão

Vereadores de Blumenau querem criar uma CPI para apurar possíveis irregularidades na Casa São Simeão. O local recebe atualmente 76 idosos e a maioria deles através de convênio com a prefeitura. O requerimento partiu do vereador Almir Vieira (PP), que justificou a necessidade de investigação após uma conversa com o atual presidente do asilo. De acordo com o parlamentar, os relatos indicam falhas em obras, na prestação de contas e até casos de maus-tratos.

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Na tribuna, na sessão desta quinta-feira (23), Vieira afirmou ainda que chegou a receber “ligações e mensagens de idosos com medo de ameaças que sofriam lá dentro”, mas que ele acabava não acreditando diante da possibilidade de se tratar de pacientes com alguma doença mental. Questionado pelo Santa sobre quantas denúncias recebeu, ele não soube quantificar, mas confirmou que elas ocorreram. Ainda na Câmara, Vieira falou em “desvio na cifra de milhão” em uma obra.

Procurado pela reportagem, o atual presidente da Casa Simeão, que assumiu a gestão em agosto deste ano, afirmou ter encontrado o local em péssimas condições estruturais. Conforme Nelson Souza Filho, os relatos dentro do asilo indicam que os idosos não estavam recebendo o atendimento adequado. Ele não cita casos específicos, mas dá exemplos do que poderia estar acontecendo.

— Não sei se agressões, mas eu considero maus-tratos deixar o idoso em uma condição que ele não está cuidado. Se você não trocar uma fralda, ele vai se assar. Se você não fizer movimento decúbito, ele vai ficar com escarra — explica.

Souza Filho esteve à frente do asilo entre 2015 e 2018. Diz ter entregue a administração com quase meio milhão de reais em caixa. Porém, pontua que passados três anos, ao ser novamente conduzido à presidência, encontrou um cenário bem diferente, com dívidas de quase R$ 400 mil. De acordo com ele, os problemas não param por aí: muito dinheiro teria sido investido em uma reforma que até hoje não foi concluída.

O gestor se refere à ala afetada pelo ciclone bomba, em junho do ano passado. Souza Filho diz que cerca de R$ 450 mil foram aplicados na recuperação do espaço, mas que ele ainda não foi liberado pela Defesa Civil por falhas estruturais. Além disso, ressalta que a conta dos serviços não está toda paga e vai precisar mais dinheiro para deixar o local em condições seguras.

— Há muitos indícios de situações que tem de explicar onde está o recurso. Porque uma obra que está praticamente condenada e com indícios de que gastaram uma fortuna ali, eu fico preocupado — diz o atual presidente da Casa São Simeão.

Segundo a Delegacia de Proteção aos Idosos, não há registros recentes de denúncias de maus-tratos na Casa São Simeão e o que chegou à polícia tratava de casos pontuais, que nem sempre se confirmaram. A 15ª Promotoria de Justiça, comandada pelo promotor Odair Tramotin, responsável por fiscalizar casas asilares de Blumenau, diz não ter denúncias envolvendo o asilo.

A prefeitura de Blumenau tem convênio com a Casa São Simeão. Através desse contrato, 54 idosos da cidade são acolhidos no espaço. A secretária de Desenvolvimento Social, Patrícia Morastoni Sasse, diz não ter reclamações de maus-tratos e nem dúvidas quanto à prestação de contas. Ela garante que há fiscalização por parte do governo e que, embora tenha se tornada mais esporádica em virtude da necessidade de proteger os idosos na pandemia, sempre há contato com a equipe técnica.

Para todos os relatos que vieram a público nesta semana sejam apurados por meio de uma CPI, os parlamentares aguardam o parecer da Procuradoria Juridica da Câmara, que vai apontar se o pedido atende aos requisitos do Regime Interno. O pedido feito pelo vereador Almir Vieira tem a assinatura de outros seis parlamentares: Adriano Pereira (PT), Cristiane Loureiro (Podemos), Gilson de Souza (Patriota), Marcelo Lanzarin (Podemos), Maurício Goll (PSDB) e Silmara Miguel (PSD).

A reportagem tentou contato desde esta quinta-feira (23) com Alexandre Tonin, ex-presidente da Casa São Simeão, porém não obteve até a publicação desta matéria.

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