Pela primeira vez, astrônomos puderam acompanhar com riqueza de detalhes e proximidade incomparável a “espaguetificação” de uma estrela, parcialmente devorada por um buraco negro, de acordo com um estudo publicado na segunda-feira (12). A estrela, com uma massa equivalente à do nosso Sol, aventurou-se muito perto de um ogro supermassivo, com massa um milhão de vezes maior.
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Quando isso acontece, a maioria é literalmente engolida pela fenomenal força de atração do buraco negro, que impede até mesmo a luz de escapar. Algumas experimentam, no entanto, um deslocamento gradual, no que os astrônomos chamam de “efeito macarrão”, ou “espaguetificação”. No caso observado, a estrela perdeu cerca de metade de sua massa no espaço de seis meses.
– Isso é exatamente o que acontece em um evento de ruptura por efeito de maré ou TDE – disse o astrônomo britânico Matt Nicholl, da Universidade de Birmingham, principal autor do estudo.
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À medida que se aproxima, a estrela começa a se achatar e depois se esticar sob o efeito das forças das marés, devido ao buraco negro, tomando a forma de uma cigarra, relatou à AFP Stéphane Basa, diretor de pesquisa do laboratório de astrofísica de Marselha.
– Quando essas forças excedem a força coesiva da estrela, esta perde pedaços que correm para o buraco negro – completou.
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Uma das principais contribuições do estudo, publicado nas Monthly Notices da Royal Astronomy Society, é entender melhor como a matéria é absorvida – neste caso, na forma de filamentos finos.
Assista:
“Glutão do espaço”
A ingestão desse macarrão cósmico é acompanhada por uma poderosa radiação eletromagnética, um sinal luminoso que atesta a fama de glutão do espaço. O fenômeno foi detectado em setembro de 2019 por uma série de instrumentos que detectam as mudanças repentinas na luminosidade de objetos celestes, a cerca de 215 milhões de anos-luz de distância, na galáxia de Eridan.
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– Nós imediatamente apontamos uma série de telescópios terrestres e espaciais nesta direção para analisar a fonte de luz – disse Thomas Wever, coautor do estudo, em um comunicado do Observatório Europeu Austral (ESO). Esse brilho costuma ser obscurecido pela cortina de matéria, o que dificulta a observação do fenômeno, segundo os cientistas.
Desta vez, a velocidade da reação e a relativa proximidade do acontecimento possibilitaram levantar parte do véu.
– Fomos capazes de observar uma cortina de poeira e detritos se erguendo, enquanto o buraco negro lançava um poderoso jato de matéria a velocidades de até 10.000 km por segundo – disse a astrônoma Kate Alexander do Northwestern University, citada pelo ESO.
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Outra observação inédita, segundo Basa, é que parte do material da estrela é ejetada do outro lado do buraco negro. O astrônomo valida a analogia da “Pedra de Roseta”, que permitiu decifrar os hieróglifos egípcios, usado pela equipe do professor Nicholl, para qualificar sua descoberta:
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– É um caso para as observações futuras.
Especialmente, acrescenta, porque os TDEs não são um fenômeno comum. Estima-se que ocorram apenas uma vez a cada dez mil anos em uma única galáxia.
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