A morte de Paulo Gustavo, jovem, cheio de vida e pai de dois bebês, resume o roteiro de um país que perdeu a graça. Que trocou a alegria por um luto sem fim. A Covid-19 já matou mais de 411 mil brasileiros. Só ontem, 117 catarinenses se foram.
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O Brasil perdeu a alegria e o respeito nas baladinhas, nas aglomerações desnecessárias, na politização estúpida de uma doença que mata. A simpatia e a gentileza brasileiras, tão cantadas em verso e prosa, viraram pó diante da recusa de alguns ‘cidadãos’ em usar uma simples máscara no rosto. Em fazer o mínimo.
A cada amigo ou conhecido que se vai, anônimo ou famoso, fica o sentimento de mais uma perda evitável. E se tivéssemos vacinado mais rápido? E se tivéssemos conseguido reduzir a proliferação do vírus, ele ou ela estaria ainda aqui conosco?
O belo ofício de Paulo Gustavo, da arte e do riso, é nosso alento em meio a uma pandemia que multiplica perdas, há mais de um ano. Quando uma estrela capaz de divertir em meio à dor se apaga, essa frágil chama de alegria também se vai.
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A colunista do O Globo, Patrícia Kogut, escreveu que o ator era um ‘parente’ querido de todos os brasileiros. Seus personagens encontraram eco na família brasileira – em especial Dona Hermínia, a mãe que bateu recordes de bilheteria no cinema. Paulo Gustavo fez o brasileiro rir de si mesmo.
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Quis o destino que a morte do ator fosse constatada no mesmo dia em que Santa Catarina viveu um dos crimes mais bárbaros de sua história, com o ataque à creche que vitimou bebês e mulheres. Um dia em que a dor, essa companheira de todos os dias, foi ainda mais pungente.
Em meio a tantas tragédias que nos sufocam, o país hoje amanheceu ainda mais triste. Não temos perdido somente amigos, parentes, ícones. Perdemos também um pouco do Brasil.
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