O Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria Geral da República devem resposta às ameaças à democracia que foram proferidas abertamente nesta terça-feira (7), ou entregarão o país de vez aos impulsos de um pretenso déspota. Não há condescendência com golpismo. Se calarem, ou se apelarem para as já tradicionais e insossas notas de repúdio, nossas instituições correm o risco de entrar para a história como cúmplices de um autogolpe anunciado aos quatro ventos, com transmissão ao vivo pelas redes sociais.
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É necessário que haja responsabilização, sob pena de não sobrar país para as eleições de 2022. O caminho mais curto está nas mãos do Congresso, que tem mais de 150 pedidos de impeachment na gaveta do presidente da Câmara, Arthur Lira. A hipótese ficou mais palpável ao longo das últimas horas, com manifestações mais ou menos discretas de lideranças indicando inclinação favorável ao processo – caso de João Doria, Eduardo Leite (o PSDB fará reunião nesta quarta para discutir o assunto), do presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi, e até de Rodrigo Maia, que se negou a abrir a gaveta do impeachment enquanto foi, ele mesmo, o presidente da Câmara. A viabilidade de um processo como esse dependerá da adesão do Centrão, que já havia sinalizado ao governo que esperava por alguma moderação neste Sete de Setembro. Em vão.
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A esta altura, está claro que não há limites que não possam ser ultrapassados e que qualquer tentativa de pacificação é perda de tempo. O país está em frangalhos, desgovernado. Em descontrole, a inflação faz o salário terminar antes do fim do mês para a maioria dos brasileiros. Isso para quem tem trabalho, já que são 15 milhões de desempregados. O Brasil voltou a figurar no vergonhoso mapa da fome. A gasolina já chegou a R$ 7 e o gás de cozinha passou dos R$ 100. Ostentamos um dos maiores números de mortos por Covid-19 no mundo, e a conjunção entre as crises hídrica e energética prometem atrasar a necessária recuperação econômica.
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Apesar disso tudo, há dois meses a pauta do governo era insuflar as manifestações desta terça. Finalizado o “espetáculo”, uma nova crise certamente despontará nos próximos dias. E outra depois dessa. Os discursos deste Dia da Independência são o ápice de um processo de corrosão da democracia e de descrédito das instituições que o Brasil assiste inerte, e que levará muito tempo para desfazer. Mas ainda dá tempo para reduzir os danos.
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