Primeiro mês do tarifaço, agosto impôs uma queda de 19,50% nas exportações de Santa Catarina aos Estados Unidos na comparação com o mesmo mês de 2024. Apesar disso, o mercado americano se manteve como o maior destino das exportações do estado, com receita de US$ 119,2 milhões, 12,3% do total obtido lá fora.  

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De acordo com o economista-chefe da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Pablo Bittencourt, esse resultado reflete dois fatores em função do tarifaço. Um é a antecipação de pedidos por parte de clientes norte-americanos, que resolveram fazer um estoque de produtos antes da entrada da taxação de 50%. Outro fator foi a suspensão de pedidos após a vigência da sobretaxa.

– Foi uma redução significativa em agosto, mas foi um movimento que já esperávamos. Nos próximos meses teremos condições de analisar como as exportações para os Estados Unidos vão se comportar no futuro – destaca o economista Pablo Bittencourt.

Apesar do tarifaço, o estado fechou o mês com receita de US$ 971,4 milhões, crescimento de 1,54% frente ao mesmo mês do ano passado. Esse resultado foi puxado por mais vendas para outros países. As maiores altas foram para o México (+47%), Chile (+30,9%) e Argentina (+21,7%), apurou o Observatório Fiesc.

Entre os produtos mais exportados para os Estados Unidos, as maiores quedas de vendas em agosto frente ao mesmo mês de 2024 foram de partes de motor (-42,7%), obras de carpintaria (-34,9%), madeira compensada (-30%), outros móveis (-17,2%), madeira serrada (-1,0%) e carne suína (-6,2%).

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– O setor de madeira e derivados tem se mostrado um dos mais vulneráveis ao tarifaço. A elevada exposição aos Estados Unidos, combinada com a produção de itens customizados para aquele mercado, torna a situação complexa, sem perspectivas de solução no curto prazo – avalia Bittencourt.

Entre os produtos que apresentaram as maiores altas em agosto estão papel kraft não revestido (+34,4%), transformadores elétricos (+28,7%), motores elétricos (+4,2%), carnes de aves (+9,9%) e soja (+16,1%).

Exportações de SC no ano

De janeiro a agosto, Santa Catarina registrou crescimento de 5,9% no faturamento de exportações, somando US$ 7,94 bilhões. O produto que mais colaborou para esse resultado foi proteína de ave, com alta de 8,1% e receita total no ano de US$ 1,44 bilhão. O maior comprador foi o México. Em segundo lugar ficou a carne suína, com crescimento de 12,7% e receita de US$ 1,14 bilhão. As maiores vendas foram para o Japão.

No ano, os Estados Unidos também foram o principal destino das exportações de SC. Elas somaram US$ 1,1 bilhão, com recuo de 1,3% e responderam por 14,2% do total.

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Em segundo lugar ficou a China, com um total de US$ 777,7 milhões, -6,3% frente aos mesmos meses de 2024 e responderam por 9,8% do total das vendas externas do estado. Depois, veio a Argentina, com US$ 577,1 milhões, crescimento de 31,7% e 7,3% da receita total. No ano, as exportações para o Japão cresceram 13,8% e para o Chile, 39,2%, mostrando mais diversificação e equilíbrio.

Importações de SC

O primeiro mês do tarifaço impacto negativamente também as importações. Elas recuaram 10,6% e ficaram em US$ 2,75 bilhões, apurou o Observatório Fiesc. As importações de partes de veículos recuaram 12,6% e as de pneus caíram 29,8%.

Entre os itens que mais cresceram, surpreendeu o crescimento de 150,9% de fertilizantes nitrogenados, alta que também pode ser atribuída às incertezas tarifárias globais. O produto mais importado, o cobre refinado, cresceu 12,9%.

De janeiro a agosto, as importações subiram 2,6% e totalizaram US$ 22,48 bilhões. A principal origem das importações continua a China, com US$ 9,58 bilhões, alta de 2% frente ao registrado entre janeiro e agosto de 2024 e 42% do total importado. Estados Unidos teve recuo de -6,6% e respondeu por 6,3% do total, seguido por Chile, que respondeu por 6,1% do total e recuo de -3,3%.

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