Com as novas tarifas para todos os países anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Brasil e a Índia deixarão de ser os únicos com taxação parcial de 50% para vender ao mercado americano. O novo pacote, que deve entrar em vigor quarta-feira da próxima semana – 01 de outubro – vai taxar em 100% medicamentos, 25% caminhões e de 30% a 50%, segmentos de móveis. Para a economia de SC, a taxação a móveis pode ajudar, deixando o estado mais competitivo frente a outros fornecedores globais, enquanto para caminhões pode impactar negativamente fornecedores de autopeças de SC.

Continua depois da publicidade

De acordo com equipe de comércio exterior da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), é preciso esperar a publicação das ordens executivas da Casa Branca para saber como será a taxação. Existe o risco de o governo americano acrescentar mais 30% ou 50% ao Brasil, além dos 50% que o país já enfrenta. Assim, tornaria impeditivo vender esses produtos aos EUA.

Mas se o Brasil seguir com 50% e os demais terão acréscimos, os produtos feitos em SC teriam tributação parecida com a dos outros países, aí terão mais condições de competir. No caso de móveis, Trump anunciou tarifa de 30% para estofados e de 50% para armários de cozinha e banheiro. Com 30%, SC competiria com a China e Vietnã, que são os líderes em exportação de móveis aos EUA.

Um levantamento feito pelo Observatório Fiesc apurou que indústrias de SC exportam para os Estados Unidos assentos estofados com armação de madeira e assentos estofados com armação de metal. Mas as exportações tradicionais de móveis de SC aos EUA são dormitórios e guarda-roupas de madeira maciça, e mesas, cadeiras e móveis para salas também feitos de madeira maciça. Antes do tarifaço, 12% da produção de móveis de SC tinha como destino os EUA.

No caso da maior taxação para caminhões, o impacto para SC pode ser mais de médio prazo. Isso porque alguns países fabricantes de caminhões que vendem para os EUA utilizam autopeças fabricadas em SC, principalmente de multinacionais como a Tupy e a Schulz. A Tupy, por exemplo, tem fábricas no México, que é grande exportador de caminhões aos EUA.

Continua depois da publicidade

Indústrias brasileiras de medicamentos podem ser afetadas em escala pequena, porque não são tradicionais exportadoras ao mercado americano. De qualquer forma, 100% é uma taxação elevada.

O que o setor exportador brasileiro aguarda com esperança e ansiedade é a negociação dos dois presidentes, Lula e Donald Trump, para reduzir o tarifaço de 50% que afeta quase todos os produtos vendidos por SC ao mercado americano. Depois de vazar a informação de que a conversa rápida dos dois líderes foi combinada previamente, o Itamaraty está tentando uma primeira conversa via teleconferência.

A expectativa é de que as negociações entre Trump e Lula aconteçam e avancem com viés econômico e técnico e não tanto político. Mas a nova taxação de Trump reafirma que o governo dele será de incertezas para a economia mundial desde o começo, que foi em janeiro deste ano, até o fim, em janeiro de 2029. O resultado será um crescimento menor da economia global nesse período.

Leia também

Prévia do PIB mostra que SC ficou no topo do crescimento do país, mas divide o pódio

Feira de alimentos FEAL cresce 10% e amplia formação para restaurantes em SC

Projeto da universidade se torna empresa de TI para grandes obras de engenharia

Agora na bolsa, nova gigante de alimentos MBRF tem forte base em SC

Serra de SC atrai mais turistas de outros estados e gasto médio cresce 26%

Obras de ícones da arte do Brasil e de SC estão em mostra na Casa Hurbana em Florianópolis