Depois de enfrentar estresse máximo durante a pandemia nos anos de 2020 e 2021, o setor de saúde voltou a ter picos de preocupações em relação a oferta de leitos hospitalares em Santa Catarina em alguns períodos. O inverno deste ano foi de desafio para algumas famílias que se depararam com limitação de vagas em alguns hospitais privados e também públicos.
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Em Florianópolis, dirigentes do setor ouvidos pela coluna argumentaram que todos os pacientes foram atendidos e que essa oferta, de um modo geral, depende de alguns fatores como da projeção de demanda e da limitação de recursos para investir.
E nesta quarta-feira (26), “O diagnóstico da saúde em Florianópolis” é tema de amplo painel em reunião-almoço no Hotel Faial Prime Suítes, numa iniciativa do Movimento Floripa Sustentável, presidido pelo empresário Roberto Costa.
Participarão o secretário municipal de Saúde, Almir Gentil; a secretária adjunta de Estado da Saúde, Cristina Pires Pauluci; o presidente da Unimed Grande Florianópolis, Ademar Paes Junior; o diretor geral do Hospital SOS Cárdio, Luiz Gonzaga Coelho; e o diretor-presidente do Grupo Baía Sul, Sérgio Marcondes Brincas. O mediador será o médico Luiz Alberto Silveira.
Uma das questões sobre os desafios da saúde em Florianópolis está ligada a oferta de leitos. A coluna foi informada em agosto, por exemplo, que alguns pacientes que gostariam de ser internados no Hospital SOS Cárdio ou no Hospital Baía Sul, por exemplo, não encontraram vagas naquele momento e tiveram que ir para outra instituição. Daí ouviu as principais instituições e traz algumas dessas reflexões aqui.
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O presidente do Hospital Baía Sul, Sérgio Brincas, informou que todos os pacientes foram atendidos e que as instituições sob a liderança do grupo seguem o mesmo padrão de qualidade de atendimento.
Para explicar os desafios, ele destacou que o setor de saúde é relevante para a sociedade e para a economia, mas tem uma grande complexidade e é caro. Disse que hospitais são operações muito caras, especialmente os hospitais privados.
– Eu vou tentar simplificar um pouco para que as pessoas entendam mais a lógica. Os hospitais são tão caros quanto a aviação civil –comparou o presidente do Baía Sul.
Por isso é preciso ter uma oferta de leitos de acordo com a demanda, com alguma ociosidade porque o ideal seria uma elevada ocupação diante dos altos custos fixos. Cita como exemplo uma UTI infantil com 20 leitos que fica quase 100% ocupada no inverno, mas logo depois tem apenas um ou dois paciente.
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Ao mesmo tempo, os hospitais privados enfrentam receita limitada diante das dificuldades dos planos de saúde em cobrar mais dos clientes. Isso ocorre tanto nos planos privados, quanto públicos. Além disso, tem a inflação dos insumos em geral, tanto nacionais quanto importados.
Como a grande receita dos hospitais privados vem dos planos de saúde e esses têm essas limitações de pagamento, isso acaba limitando também ampliações de instituições que poderiam abrir mais leitos. Esse é o caso do Hospital SOS Cárdio, que poderia fazer uma expansão, mas a limitação da receita impede no momento.
O diretor geral do Hospital SOS Cárdio, Luiz Gonzaga Coelho, diz que é importante avançar na oferta hospitalar privada, mas o grande desafio é o custo fixo de cada leito enquanto os planos de saúde remuneram mal. Segundo ele, construir um leito hospitalar, hoje, de qualidade, custa cerca de R$ 1,5 milhão por ano e manter esse leito de alta complexidade custa mais R$ 1,5 milhão por ano, o que é muito caro.
– Os hospitais, durante muito tempo, foram esquecidos, ou seja, se dava importância para o médico, mas não para o hospital. Ora, sem hospitais de referência, não se cria uma saúde de referência, não se criam grandes profissionais. E os hospitais, para crescerem em referência, eles têm que gerar resultado, um resultado mínimo, que permita continuar no investimento, investindo, capacitando pessoas, porque é complexo – explicou Gonzaga.
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O empresário avalia que a saúde em Florianópolis tem grandes profissionais e boa qualidade. Se puder pensar um pouco mais nos hospitais, será possível ter uma saúde de referência não só nacional, mas internacional.
Segundo ele, um reajuste que era muito esperado pelo setor hospitalar era o do plano SC Saúde, do governo do estado. A alta veio há um mês, o que melhorou um pouco a questão financeira das instituições, mas não de forma relevante porque não é o plano que mais tem demanda hospitalar. O SC Saúde teve reajuste de 4,83% a partir de outubro e terá mais um, 5,25% a partir de maio de 2026.
Mais nova instituição da região e situada na parte continental, em São José, o Hospital Unimed Grande Florianópolis, foi citado menos em queixas sobre falta de leitos. A instituição informou que, atualmente, segue atendendo normalmente todos os casos que necessitam de internação clínica, sem registro de superlotação.
O médico Mario Adames Responsável Técnico do Hospital Unimed Grande Florianópolis, informou nesta terça-feira que a taxa geral de ocupação dos setores de internação é de 71%, enquanto a Unidade de Terapia Intensiva Adulto opera com média de 93% de ocupação. Considerando todos os setores, a taxa de ocupação geral do hospital estava em 82% nesta terça.
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Como é cara e estratégica, a saúde é um grande desafio. Em conversas informais com líderes de plano de saúde, uma informação destacada é a grande taxa de uso e o elevado custos de serviços. É um cenário que mostra a importância de as pessoas buscarem mais a saúde preventiva, mesmo quem tem a segurança de um plano de saúde.
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