Santa Catarina está em uma região que enfrenta fatores climáticos intensos como enchentes, tempestades, ciclones e ventos fortes. O ciclone bomba que atingiu todas as regiões do Estado na terça-feira (30) causou perda de vidas – nove pessoas morreram – e muitos estragos em edificações.

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Mas é possível minimizar bastante esse tipo de problema se as construções forem feitas dentro das normas de engenharia vigentes no país. São diretrizes técnicas definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Quem alerta para isso é o chefe do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professor Wellington Repette, que também é especialista em patologia de construções.

Segundo ele, os maiores danos construtivos causados pelo vento e chuva de terça-feira foram em sistemas prediais de fachadas e coberturas. O professor explica que as normalizações brasileiras preveem todas essas solicitações e definem requisitos de desempenho das edificações a ventos e chuvas. A norma geral é a NBR 15.575 da ABNT, editada em 2013, que trata do desempenho de edificações habitacionais.

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– Se a gente já tivesse no meio técnico e no mercado uma obediência maior a essa norma, muitos desses problemas poderiam ser minimizados. Para isso é preciso um esforço da área técnica e empresarial, inclusive das empresas que fornecem os elementos, que têm que ser produtos homologados em função do que estabelece a norma – explica o professor.

Para a construção ser resistente a esses eventos, tanto os materiais usados quanto o sistema construtivo devem ter as qualidades exigidas nas normas. A UFSC tem um laboratório que testa qualidade de materiais e componentes de construção. Empresas podem fazer parcerias para ensaios de certificações seguindo os protocolos previstos nas normas.

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No caso das partes de alvenaria, tanto edifícios quanto casas, em Santa Catarina passaram bem no teste do ciclone bomba. Apenas algumas casas tiveram danos em função dos ventos e chuvas.

Outros riscos em edificações que são frequentes no Estado e no Brasil são os deslizamentos de terra, provocados pela saturação de água nos solos, especialmente em terrenos com elevados aclives. Eles merecem atenção especial porque causam perdas de vidas com frequência. Conforme Repette, a UFSC participa de mapeamentos geológicos e geotécnicos,
colaborando com os esforços da Defesa Civil para análise de onde é possívelou não construir.

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O ideal é que todas as casas sejam construídas com projetos de engenharia. As prefeituras poderiam fornecer esses projetos para pessoas de baixa renda. Brasília, por exemplo, é uma das cidades que oferece projetos gratuitos de casas para pessoas de baixa renda, por meio do programa de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social – ATHIS, como observa o
professor.

Cabe ao poder público municipal fiscalizar as construções e até solicitar a demolição quando existem irregularidades envolvendo riscos conhecidos. O ciclone bomba colocou novo desafio para o setor construtivo catarinense, como seguir com rigor as normas técnicas e fazer mais análises de riscos.

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