Investidores, demais empresários e profissionais do setor de tecnologia do Brasil e de outros países, em especial da América Latina, se voltam esta semana para Florianópolis, onde acontece o Startup Investiment Summit nesta terça-feira e o Startup Summit, de quarta-feira até sexta. Entre as lideranças confirmadas está a empresária Cláudia Rosa, CEO da Rede Investe e maior investidora-anjo do Brasil em 2022. Ela é uma defensora da maior participação feminina em investimentos ao setor e também em todas as demais etapas de negócios em tecnologia.

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Em entrevista exclusiva à coluna, Cláudia Rosa disse que durante o Startup Investiment, nesta terça, será divulgada uma pesquisa sobre quantidades de investidores e investidoras no setor. Sobre impactos do tarifaço ao setor de TI, ela afirmou que o primeiro efeito ao setor, por enquanto, foi mais cautela nos negócios. Segundo ela, os segmentos do setor de TI mais atrativos para negócios, atualmente, são inteligência artificial, agro, fintechs e saúde. Confirma a entrevista a seguir:

Quais são as expectativas para o Startup Investiment Summit, evento do qual você vai participar?

Esse evento, inicialmente, era realizado em São Paulo. Agora, temos a segunda edição em Florianópolis, e parece que deu muito certo. Eu já participo dele há 10 anos. No ano passado, foi uma aposta trazer para cá, e funcionou muito bem. Então, a expectativa para este ano é de que ele realmente se consolide em uma cidade como Florianópolis, que é o berço da tecnologia e da inovação no Brasil.

Temos uma grande participação de investidores, empresas e também de mulheres. Além disso, é um evento que oferece a possibilidade de acompanhar o panorama nacional em relação a investimentos em startups. Será divulgada uma pesquisa com dados sobre a quantidade de investidores e investidoras, valores movimentados, enfim, um retrato muito interessante.

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Outro ponto são as discussões e aprendizados, tanto de empresas do ecossistema quanto de investidores. São palestras e painéis com muitos conteúdos relevantes, tanto para investidores iniciantes quanto para quem já está inserido nesse ambiente. É um evento que aborda diversos temas relacionados ao ecossistema. Também é muito importante para a integração. Eu realmente acredito nesse espaço de conexão quando falamos do hub de investidores e investimentos.

Atualmente, quais setores de tecnologia estão atraindo mais investimentos, estão mais em alta?
– Sem dúvida, inteligência artificial. Está no centro das atenções, como o pessoal costuma dizer, “no hype”. Todo mundo está olhando para isso. Eu acredito que a inteligência artificial está presente em todos os segmentos e será um dos grandes temas do Startup Summit. Certamente vamos ouvir muito sobre como empresas e startups estão aplicando a IA em seus negócios, seja para alocação de recursos, seja para gerar vantagens competitivas.

Outro setor em alta é o agronegócio. Soluções para o agro têm surgido com muita força. O agro no Brasil tem uma representatividade enorme e atrai olhares de muitos investidores estrangeiros pela riqueza e abrangência que representa. Mas no Brasil temos uma diversidade imensa de negócios surgindo o tempo todo. O que eu sempre digo no mundo dos investimentos é: para bons negócios, sempre existe dinheiro.

Não é recomendável que os investidores concentrem tudo em apenas um segmento. A diversificação é fundamental. No entanto, olhando para o nosso mercado, saúde e agro são duas áreas com movimentos muito interessantes. Também vale citar o setor de fintechs. Tivemos um boom no início, com alguns dos nossos primeiros cases de sucesso. E ainda existe muito espaço, com muitos negócios surgindo nesse segmento.

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Você é a principal investidora mulher desse setor. Por que é importante que mais mulheres participem dos investimentos em startups e, de forma geral, do setor de tecnologia?
– Primeiro, porque somos maioria na sociedade. Historicamente, mulheres não participavam de alguns segmentos, e aos poucos estamos quebrando esse tabu. A tecnologia é um exemplo disso: sempre tivemos poucas mulheres, mas estamos avançando. A diversidade é fundamental. Não podemos ter um setor de inovação dominado majoritariamente por homens.

Além disso, o Brasil tem muitas mulheres capacitadas. O número de CEOs e presidentes de empresas cresceu bastante. As mulheres já provaram sua competência. O próximo passo é ampliar sua presença no mundo dos negócios e investimentos. As mulheres têm uma dinâmica diferente. Primeiro, precisam se sentir parte.

Os dados mostram que, quando há mulheres inseridas em tecnologia e negócios, os resultados financeiros são melhores, tanto para empresas quanto para startups lideradas ou fundadas por mulheres. Por isso, é essencial fomentar a participação feminina. Esse incentivo abre caminho para novas empreendedoras, para executivas que deixam o mundo corporativo ou mesmo para aquelas que querem conhecer esse ecossistema. É preciso que a mulher saiba que o ambiente é propício para ela.

Quanto mais mulheres participam, mais conseguimos transformar esse espaço em algo verdadeiramente inclusivo. Outro ponto importante é que nós, mulheres, também precisamos fazer negócios. Assim como os homens, que tradicionalmente fecham parcerias em rodadas de networking ou happy hours, nós também podemos nos reunir para falar de negócios e dinheiro. Isso é extremamente relevante.

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Cada vez mais mostramos que não precisamos esperar espaços criados apenas por homens. Podemos estar onde quisermos. E estamos transformando o ecossistema de investimento em um lugar mais inclusivo, não apenas com a visão feminina, mas também com o jeito da mulher de fazer e gerir negócios bem-sucedidos e rentáveis.

Estamos vivendo esse tarifaço dos Estados Unidos, que atinge todos os setores. Temos empresas de software que exportam para lá. Não são valores muito altos, ainda não somos gigantes nesse segmento, mas como isso está impactando o setor?
– O tarifaço trouxe cautela. O mercado está olhando com mais atenção, mas ainda não sabemos exatamente para onde isso vai caminhar, porque é uma questão mais política do que de mercado. O principal ponto é mesmo a cautela. Apesar disso, o mercado brasileiro tem crescido. Temos buscado alternativas de como trabalhar globalmente sem depender apenas de um mercado.

Essa situação do tarifaço trouxe à mesa várias discussões, sobre serviços, produtos, meios, e isso é positivo para refletirmos. Ainda não temos números concretos sobre o impacto. Mas em termos de comportamento, já vemos mais prudência e análise, o que gera também a busca por outras opções e alternativas.

É importante entender até onde isso vai, porque, politicamente, tudo pode mudar de uma hora para outra. Esse tipo de instabilidade incomoda e atrapalha muito o setor, mas também nos força a refletir sobre como estimar e preparar o mercado daqui para frente.

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Além do Startup Investiment você vai participar do Startup Summit. Qual é a importância desse evento, na sua opinião para para Santa Catarina e para o Brasil?
– O Startup Summit chega à sua décima edição já consolidado. Ele começou como um evento de startups e hoje é um evento de inovação para o Brasil e também para outros países. Este ano, teremos uma participação forte de palestrantes e players estrangeiros. Eu mesma estarei em um painel no dia 27 para falar sobre teses de investimentos. O Startup Summit é essencial para quem está começando e quer se inserir no ecossistema de inovação.

Inclusive, tenho startups do meu portfólio que vão expor lá, o que é fantástico. Imagine: uma expectativa de 15 mil pessoas circulando, conhecendo negócios, produtos e soluções. Outro ponto importante é a presença cada vez maior de grandes empresas, o chamado corporativo, que busca inovação e novos negócios dentro do evento.

Além disso, cresce também a participação do setor público. O que chamamos de “GovTech”, soluções de tecnologia voltadas para governos, vem ganhando força, com representantes governamentais presentes. Florianópolis é um palco perfeito para isso. A cidade tem histórico em tecnologia e um governo que apoia iniciativas e projetos concretos.

Por isso, o Brasil olha para o Startup Summit como um catalisador de bons negócios, inovação e networking. Chegar à décima edição com a sensação de que o melhor ainda está por vir mostra que o crescimento do evento é resultado de anos de fomento, aliado à vocação natural de Florianópolis para atrair bons negócios.

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Antonietas

Antonietas é um projeto da NSC que tem como objetivo dar visibilidade a força da mulher catarinense, independente da área de atuação, por meio de conteúdos multiplataforma, em todos os veículos do grupo. Saiba mais acessando o link.

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