Os números Caged, do Ministério do Trabalho, mostram que o tarifaço de 50% dos Estados Unidos causou retração pela segunda vez na criação de vagas em Santa Catarina. A retração começou em julho, com o anúncio das medidas, mas o mercado de SC foi impactado também pelos juros altos. Assim, SC fechou agosto com o segundo maior fechamento de vagas da indústria no Brasil, -1.754 vagas no mês com impacto maior no setor de madeira e móveis; e teve a maior perda de vagas no comércio frente a outros estados. Os dados foram apurados pela Federação das Indústrias (Fiesc) e Federação das Associações Empresariais (Facisc). Lages, Caçador e Joinville estão entre as cidades mais afetadas pelo tarifaço.
Continua depois da publicidade
Considerando somente produto voltado ao mercado dos Estados Unidos, Lages aparece em primeiro lugar em agosto com a perda de 287 vagas no setor de madeira. O município teve saldo negativo de -220 no total. Em segundo lugar ficou Caçador, forte polo exportador. O município fechou 149 vagas na produção de móveis e 132 na produção de madeira somando 281 no setor. O saldo total de Caçador ficou em menos 373 vagas no mês.
Maior polo industrial de SC e, normalmente, o maior gerador de novos empregos, Joinville foi o município que mais perdeu vagas em agosto: 1.146. A indústria fechou 495, com mais demissões na produção de máquinas, motores, bombas e compressores (-305 vagas).
Além disso, a cidade teve queda de -622 vagas nos serviços, mas o setor recuou em função da sazonalidade. Hotéis e restaurantes fecharam 812 postos de trabalho devido ao fim dos eventos de inverno, como festival de dança, feiras e outros.
Outras cidades que são grandes exportadoras para os estados unidos tiveram pequena redução ou resultado positivo no fechamento de vagas: São Bento do Sul fechou 41, Rio Negrinho 47 e Salete 17. Apesar de ter alta exposição ao mercado dos Estados Unidos, Jaraguá do Sul teve saldo positivo de 31 vagas no total e de 88 novas vagas na indústria.
Continua depois da publicidade
Entre os setores que demitiram também no estado em agosto estão os de autopeças veículos e reboques, devido à queda na produção automotiva no Brasil em função dos juros altos, que dificultam vendas a prazo, analisou a Fiesc. Considerando os estados brasileiros, quem liderou as demissões na indústria foi o Rio Grande do Sul, com -4.089 vagas, mas como a maioria é sazonal, -2.789 do setor de fumo, na prática SC teve o maior fechamento de vagas da indústria de transformação de um modo geral.
Análise da Facisc apurou que o comércio de SC teve o maior saldo negativo de vagas do país, com fechamento de 737 empregos em agosto. No mesmo mês de 2024, o estado havia gerado 1,3 mil novas vagas no setor. Considerando os segmentos do comércio, o maior fechamento de vagas ocorreu no varejo, principalmente nos supermercados e hipermercados, com fechamento de 304 vagas em agosto, setor que em julho havia registrado o maior crescimento do volume de vendas do país (9%).
-Estamos agora sentindo uma desaceleração do acesso ao crédito da população devido ao aumento dos juros realizado no ano passado- destacou a vice-presidente da Facisc, Rita Conti, ao observar que a alta da taxa básica Selic demora em média de 10 a 12 meses para fazer efeito na economia.
A análise da Facisc apurou também que do total de municípios catarinenses, 45% deles tiveram saldo negativo no setor em agosto, com destaque para várias regiões do estado, tanto municípios do Oeste, como também do Norte, da Grande Florianópolis e do Sul.
Por exemplo, em Chapecó, Balneário Camboriú, Rio do Sul e Criciúma, o fechamento de vagas se deu principalmente em supermercados e hipermercados. Já em Florianópolis e Brusque, nas vendas de material de construção e equipamentos de informática e comunicação.
Continua depois da publicidade
Leia também
WEG anuncia investimento de R$ 1,1 bilhão em Santa Catarina com geração de 3,1 mil empregos
“Cidade de 15 Minutos” melhora a ecologia, a economia e o social, diz criador do conceito
“O BNDES já financiou R$ 31,4 bilhões para Santa Catarina, diz Aloizio Mercadante
Quem são as 100 maiores empresas de SC no ranking “500 Maiores do Sul 2025”
FEAL SC cresce 10% e avança como maior evento de food service do Sul do Brasil
Prévia do PIB mostra que SC ficou no topo do crescimento do país, mas divide o pódio
Projeto da universidade se torna empresa de TI para grandes obras de engenharia

