O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) criticou a prefeitura de Blumenau no Twitter por exigir vacinação contra a Covid-19 de servidores e estagiários. Não poderia haver melhor atestado de que o decreto municipal é correto. Osmar Terra é o político-médico que, em 2020, previu a pandemia de Covid-19 como “menor e com muito menos dano à população do que a epidemia de H1N1”. O fato de ele chamar o comunicado enviado aos funcionários públicos blumenauenses de “sem sentido” e “tirania” encerra qualquer dúvida sobre a validade da norma.
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Cotado várias vezes para o Ministério da Saúde, Terra foi uma das principais vozes contra restrições de circulação no Brasil — discurso encampado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) também por influência dele. O deputado defendia que se deixasse o vírus seguir o caminho natural, infectando as pessoas até que a população desenvolvesse uma suposta “imunidade de rebanho”. As sucessivas previsões furadas de fim da pandemia sem vacinação feitas por ele viraram piada na internet. À parte o ridículo, essa política resultou na tragédia que todos conhecem.
O deputado gaúcho também desempenhou o papel de agente de desinformação ao defender o uso indiscriminado de hidroxicloroquina para tratar Covid-19, mesmo depois de sucessivos estudos internacionais não identificarem efeito benéfico contra a doença.
Agora, Osmar Terra ajuda o governo federal a encampar o negacionismo das vacinas. Não por convicção, mas por puro cálculo eleitoral. Por exemplo, quando ataca a exigência de vacinação dos servidores em Blumenau, Osmar Terra questiona se os vacinados não estão sendo infectados pela Covid-19 na cidade. Como médico formado por uma universidade, ele sabe que um paciente com duas doses de vacina pode também ser infectado. Se uma vacina tem eficácia de, digamos, 70%, de cada 10 vacinados, três continuarão suscetíveis ao contágio. É elementar.
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A situação piora com a variante Ômicron, contra quem as vacinas são menos eficazes para bloquear o contágio. Mas isso não elimina o benefício da vacinação, tanto para reduzir a transmissão quanto para prevenir internações e mortes — o que as estatísticas nacionais comprovam sem deixar margem de dúvida.
É razoável para a coletividade que o município exija vacina de quem trabalha em seu nome. Isso já está, inclusive, sacramentado pelo Judiciário brasileiro. O que não é razoável é Osmar Terra continuar sendo médico, parlamentar e usuário do Twitter depois de tudo o que fez contra a saúde dos brasileiros.
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