A queda nas exportações catarinenses para os Estados Unidos em agosto, primeiro mês de vigência do tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump ao Brasil, fez a China surgir no retrovisor da economia americana dentro do ranking dos maiores parceiros comerciais do Estado no exterior.

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Mesmo com o tombo, os EUA permaneceram como principal destino dos embarques catarinenses no mês em valores, somando US$ 119,2 milhões. Os asiáticos, porém, se aproximaram do topo, com US$ 107,6 milhões. Enquanto as exportações para os americanos despencaram 19,5% na comparação com agosto de 2024 e 24,4% frente a julho deste ano, as vendas aos chineses subiram, respectivamente, 10,8% e 31,5%.

Em números absolutos, a diferença no volume de vendas catarinenses aos dois países em agosto foi de somente US$ 11,6 milhões, a menor ao longo de 2025. Essa mesma distância chegou a ser de US$ 75,8 milhões em julho, quando muitos exportadores anteciparam envios para minimizar os impactos do tarifaço. Mas, tirando este contexto específico, chegou a ser de US$ 69 milhões em junho e março, por exemplo, antes dos anúncios de Trump.

Os produtos de SC mais exportados para os EUA (janeiro a agosto de 2025)

A pauta de exportação para os dois países é bem distinta, afastando, pelo menos neste primeiro momento, a tese de que a China “absorveu” essa diferença e produtos que iriam para o mercado americano. Para os Estados Unidos, Santa Catarina exporta principalmente motores e transformadores elétricos, móveis e madeira. Já os embarques para o país asiático se concentram em soja e proteína animal, como carne suína.

À colega Estela Benetti, o economista-chefe da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Pablo Bittencourt, disse que o resultado de agosto reflete dois fatores em função do tarifaço. Um é a antecipação de pedidos por parte de clientes norte-americanos, que resolveram fazer um estoque de produtos antes da entrada da taxação de 50%. Outro fator foi a suspensão de pedidos após a vigência da sobretaxa.

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O movimento já era esperado e os próximos meses vão deixar mais claro como ficarão as exportações catarinenses para os Estados Unidos no futuro. Depois dos americanos e dos chineses, os maiores mercados compradores do Estado em agosto foram o México (US$ 89,1 milhões), a Argentina (US$ 64 milhões) e o Chile (US$ 61 milhões).

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