Momentos de tensão marcaram o depoimento de pouco mais de duas horas do ex-prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt (PL), na manhã desta terça-feira (9) à CPI do Esgoto, que apura supostas irregularidades no contrato de concessão do serviço. Em mais de uma oportunidade, o hoje secretário de Estado da Defesa Civil e o líder do atual governo, vereador Flavinho (PL), ensaiaram um bate-boca que precisou ser contido pelo presidente da comissão, Diego Nasato (Novo).

Continua depois da publicidade

Um desavisado até poderia estranhar a postura incisiva, e em algum momento até acima do tom, de Flavinho diante de um aparente aliado. Hildebrandt trabalhou na campanha e pediu votos para Egidio Ferrari (PL), hoje o prefeito do qual o parlamentar é o porta-voz número um na Câmara. A troca de rusgas em plenário, no entanto, tornou público o que já é sabido nos bastidores: existem dois grupos políticos distintos que, embora militem no mesmo partido, têm divergências já não tão reservadas assim.

A CPI do Esgoto ajudou a expor isso ao esmiuçar o quinto termo contratual de concessão do serviço – foi o polêmico aditivo que desencadeou a instalação da comissão parlamentar de inquérito. As discussões iniciaram ainda na gestão de Hildebrandt, que não “caneteou” o documento. Ferrari, o sucessor, assinou, mas depois voltou atrás, revogando o dispositivo com base em uma auditoria que apontou suposta vantagem financeira indevida da BRK Ambiental na execução de obras.

No depoimento desta terça, Hildebrandt repetiu mais de uma vez que não teria assinado o aditivo sem ter antes em mãos o resultado da auditoria e a opinião de uma comissão técnica do Samae. Embora o ex-prefeito tenha reiterado mais de uma vez que não faça juízo de valor da decisão, a mensagem pode deixar múltiplas interpretações no ar.

Na condição de líder, como dita a regra do jogo político, coube a Flavinho o papel de defender as decisões e a posição do atual governo, nem que para isso tivesse que pressionar alguém que, em tese, estaria na mesma trincheira. Discussões sobre o quinto aditivo, a não aplicação de uma diminuição de 2,63% na tarifa recomendada pela agência reguladora (Agir) e recursos deixados no caixa do Samae esquentaram os ânimos, com interrupções de falas.

Continua depois da publicidade

— Ou o vereador Flavinho deixa eu concluir ou ele faz a argumentação e eu não respondo, porque ele já tem a conclusão. Então não adianta eu responder. Se ele não leu o processo, então ele não precisa fazer perguntas — disse Hildebrandt durante a sessão.

— Se o senhor não quisesse responder, o senhor teria que estar munido de um habeas corpus — rebateria Flavinho mais tarde.

A animosidade persistiu em outros momentos da sessão, com trocas de farpas. Dada a postura bélica de Flavinho, a CPI pode ter criado uma nova ferida na relação dos grupos encabeçados por Ferrari e Hildebrandt, com potenciais desdobramentos políticos no futuro.

Novo depoimento

A próxima reunião da CPI será na quinta-feira (11), às 9h, com a presença de representantes da MFC Avaliação e Gestão de Ativos, empresa contratada pela Câmara de Blumenau para fazer a revisão tarifária do contrato.

Continua depois da publicidade

Leia também

Projeto de reforma de shopping em SC ganha prêmio internacional de arquitetura

Dona da Cremer anuncia troca de presidente

Blumenau tem rede de esgoto pronta, mas inoperante, diz gerente do Samae na CPI

Construtora faz a estreia e já projeta mais dois prédios em Itapema