Duramente impactada pelo tarifaço americano às exportações brasileiras, a Artefama, uma das mais tradicionais fabricantes de móveis de Santa Catarina, se viu obrigada a desviar a rota. Com 80 anos de mercado, a empresa de São Bento do Sul está redesenhando a operação, com foco no atendimento ao mercado interno. É um movimento forçado, já que 85% do faturamento vinha das exportações – os Estados Unidos eram os principais compradores.
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No último dia 9 de outubro, a Artefama teve o pedido de recuperação judicial deferido pelo juízo da Vara Regional de Falências, Recuperação Judicial e Extrajudicial de Jaraguá do Sul para renegociar dívidas estimadas em R$ 24 milhões. Na petição inicial, a qual a coluna teve acesso, a empresa confirma a estratégia, sustentando que tem margens positivas no mercado doméstico.
“O mercado interno apresenta preço médio superior ao mercado externo em aproximadamente 59%. Esta diferença se verifica em todos os grupos de produtos: mesas, cadeiras e estofados, sendo que os itens de maior preço médio de venda concentram-se no mercado interno”, cita um trecho do documento.
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É justamente pela viabilidade empresarial do mercado interno, acrescenta a petição, que a empresa “tem concentrado esforços para elaborar e implantar eficiente programa de reestruturação empresarial, inclusive com a contratação de consultorias especializadas”.
O movimento vem seguido de um grande baque sofrido a partir das tarifas. Com pedidos suspensos, necessidade de férias coletivas e renegociação emergencial com fornecedores, a Artefama enxugou a produção. Em setembro, demitiu cerca de 300 trabalhadores que atuavam em linhas de fabricação de móveis destinados ao mercado externo. Restaram pouco mais de 80 funcionários de uma companhia que chegou a estar entre as cinco maiores empregadoras de São Bento do Sul.
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Prevista em lei, a recuperação judicial permite que a empresa ganhe fôlego para se reestruturar e tenha acesso a alguns benefícios, como a proibição, por exemplo, do corte de energia elétrica por atraso de pagamento – algo já deliberado pelo juiz do caso. Será a segunda vez que a Artefama enfrentará um processo desta natureza. Em 2009, a companhia já havia recorrido ao mesmo expediente, diante dos reflexos de uma crise econômica da época. O plano foi aprovado em meados de 2010 e o processo se encerrou em novembro de 2012.
Números da empresa justificam a necessidade de rearranjo. O faturamento da empresa entre junho e setembro caiu quase 58% na comparação com o período entre janeiro e maio – antes do tarifaço vir à tona. O mercado externo sempre foi um alicerce importante da empresa. As exportações começaram já no início da década de 1970, com o primeiro embarque para a Bélgica.
A gestão também sofrerá mudanças. A empresa convocou para o dia 5 de novembro uma assembleia geral para deliberar, entre outros pontos, sobre uma alteração da estrutura administrativa, com a extinção do conselho de administração.
Neste meio tempo, a Artefama ganhou prazo de 60 dias, contados a partir do deferimento da recuperação judicial, em 9 de outubro, para apresentar um plano de recuperação judicial. É neste documento que a empresa apresentará uma proposta de pagamento aos credores e de reestruturação da atividade industrial.
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