Quem acreditava que a visita do governador Carlos Moisés (sem partido) a Blumenau nesta sexta-feira (16) poderia selar o início de uma trégua na troca de farpas entre Estado e município perdeu a aposta e viu um novo round na queda de braço. Protocolo, sorrisos e apertos de mão à parte, o governo não deixou sem resposta críticas recentes do prefeito Mário Hildebrandt (Podemos), que já havia reclamado da demora para a liberação de recursos do Centro de Convenções e dois dias antes, em entrevista ao Santa, disparou contra a lentidão da retomada das obras do prolongamento da Via Expressa.
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O secretário de Infraestrutura, Thiago Vieira, foi o escalado para o revide. Diante de um auditório cheio no Centro Empresarial, povoado por empresários de peso, autoridades e lideranças políticas da região, ele se valeu de uma apresentação para rebater a tese de que Blumenau estava esquecida. A partir da exposição de uma linha do tempo de ações, sugeriu que demandas reivindicadas pela cidade estavam travadas por culpa da própria prefeitura.
Para sustentar a versão de que a gestão Moisés está fazendo a sua parte, o governo literalmente “desenhou”. Slides da apresentação trouxeram gráficos em pizza sugerindo que os projetos do Centro de Convenções e de balizamento noturno do Aeroporto Quero-Quero tramitaram mais tempo dentro da prefeitura do que no governo. Na sequência, uma tabela de valores (veja abaixo) apontou uma discrepância de valores garantidos pelo Estado e os executados pela prefeitura.
O comparativo feito e o tom utilizado por Vieira deixaram um clima de constrangimento no ar. O protocolo da cerimônia acabou jogando contra Hildebrandt. Como ele havia falado antes, não houve margem para contraponto.
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O prefeito fora mais amistoso no discurso. No ponto mais incisivo, destacou a necessidade de a região sair do “isolamento logístico” ao se referir a obras de infraestrutura. Mas fez um mea culpa sobre os entraves nos projetos do balizamento do Quero-Quero e do Centro de Convenções, inclusive anunciando o rompimento do contrato com a empresa responsável pela elaboração do orçamento da obra. Não foi o suficiente para ser poupado do contra-ataque do governo.
Corre nos bastidores da política a tese de que essa relação áspera ainda é resquício da simpatia da prefeitura à vice Daniela Reinehr quando ela comandou interinamente o Estado – a proximidade resultou na indicação de André Espezim, atual secretário de Comunicação de Blumenau, ao cargo de secretário-adjunto de Infraestrutura. O próprio Moisés deu sinais de ressentimento ao classificar, na sua vez de falar, como injustos os dois afastamentos que sofreu do governo.
Divergências do tipo apenas fomentam antagonismos e provocam especulações sobre as eleições do ano que vem. Para Blumenau e o Vale, que ainda têm demandas na fila, a disputa política não interessa.
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