O socorro financeiro patrocinado pelo governo do Estado às empresas catarinenses afetadas pelo tarifaço dos Estados Unidos chega em boa hora, mas tende a ter efeito temporário. As medidas anunciadas nesta quarta-feira (13) pelo governador Jorginho Mello (PL) e o secretário da Fazenda, Cleverson Siewert, com impacto de R$ 435 milhões, miram o curto prazo: passam a valer em setembro com prazo de vigência de três a quatro meses.
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No mercado, a aposta, que está mais para sonho de consumo, é que o impasse será em algum momento resolvido na base da diplomacia, com redução das taxas ou o retorno delas aos patamares anteriores. Mas dada a imprevisibilidade de Donald Trump, as articulações lideradas por Eduardo Bolsonaro para penalizar autoridades e a economia e a disposição de Lula em usar o episódio para se capitalizar politicamente, fortalecendo o discurso de soberania nacional, a resolução definitiva do imbróglio parece distante.
O pacote do Estado, que inclui liberação de créditos acumulados de ICMS, postergação do pagamento do imposto e financiamentos junto ao BRDE, representa um importante fôlego aos exportadores pelo menos até o fim de 2025. Depois, se todo esse cenário não mudar, será preciso repensar, recalcular rotas, reavaliar os prazos e buscar alternativas – algo que já pode ser feito ao longo deste período.
O governo não fala em possível prorrogação dessas medidas, mas diz que segue monitorando o assunto. Também manifesta a intenção de continuar ajudando o setor produtivo no que for possível e não descarta a implementação de outras ações no futuro, De toda forma, o Estado, em conjunto com a Fiesc, oferece a ajuda financeira imediata que pode neste momento e “com o mínimo de burocracia e enrolação”, segundo Jorginho.
Os dados que vieram à tona na apresentação reforçam a adoção dessas medidas. O tarifaço, mostrou o levantamento, impacta 829 empresas catarinenses, que geram 281 mil empregos e faturam R$ 250 bilhões ao ano. Deste grupo, 95 companhias requerem mais atenção pela maior exposição à medida, por terem mais da metade do faturamento atrelada a exportações aos Estados Unidos. Durante a apresentação, o presidente da Fiesc, Gilberto Seleme, disse ainda que, como consequência disso, há casos de empresas que já precisaram dar férias coletivas ou antecipar férias de fim de ano dos funcionários.
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Por ora, as medidas, destacou Siewert, buscam manter a competitividade das empresas catarinenses que fazem negócios com os Estados Unidos e a preservação de emprego e renda. A grande questão é por quanto tempo.
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