Comecei a ver clássico de Florianópolis aos sete anos. Levado pelo meu pai ao extinto Estádio Adolfo Konder, olhava tudo, via as discussões entre torcedores próximos, mas não entendia nada. No campo, 11 jogadores de cada lado, uma bola na cor laranja e o tal futebol entrava na minha vida.
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Já se vão mais de 70 anos. Veio a maioridade e o profissionalismo ligado ao futebol, que na verdade passou a ser a razão maior da minha vida. Tantas coisas aconteceram no campo, fora dele, no microfone, à frente das câmeras de TV e nos jornais.
Acompanhei e vivi a história de Avaí e Figueirense nos bons e maus momentos. Na alegria e na tristeza, no sol ou na chuva. Enfim, vivi o clássico intensamente. Não há comparações a fazer, e se entrar neste campo enveredaria pelos caminhos do saudosismo, a começar por dizer que gostava mais da Florianópolis antiga, sem o modernismo e o crescimento assustador atual.
Gostava mais de Adolfinho, Dolly, Nizeta, Braullio, Saul, Julio Camargo, Chinês, Garcia, Toinho, Erico Botelho, entre outros. Gostava de ver as torcidas chegar juntas ao estádio, conversando amistosamente sobre o clássico e sair juntas debatendo o que havia ocorrido em campo e o resultado final. Gostava de ir à Praça XV na segunda-feira para ver as rodinhas, discutir o clássico e até mesmo contar com a presença de alguns jogadores vencedores. O perdedor não aparecia.
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Era outra época, outra geração, um futebol romântico e de qualidade. Sem entrar no fundo da comparação, hoje o futebol é outro e custo a reconhecê-lo. Mas é clássico, mais valorizado, cheio de expressões atuais, como “duas linhas de quatro”, “linha alta e baixa”, “marcação pressão”, “falso nove”, alas ao invés de laterais e por aí vai. Enfim, o futebol mudou.
Neste sábado, dia 26, vamos mergulhar em mais um clássico e tomara seja apenas um clássico de futebol, com 90 minutos à procura da bola, com respeito e que vença o melhor. É um jogo de futebol, com toda pompa e história, mas sempre será apenas um jogo de futebol.
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Inesquecíveis (1)
A história do clássico passa por nomes importantes que o tempo não pode apagar. Quem não lembra da dupla de área azurra formada por Morelli e Cavallazi? O volante Rogério Ávila, que surpreendeu o próprio Avaí ao chegar no vestiário com uma serra e cortar o gesso que protegia uma das pernas e pedir para jogar. Jogou, venceu e foi o melhor em campo.
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Inesquecíveis (2)
A história do clássico passa por nomes importantes que o tempo não pode apagar. Quem não lembra da dupla de área azurra formada por Morelli e Cavallazi? O volante Rogério Ávila, que surpreendeu o próprio Avaí ao chegar no vestiário com uma serra e cortar o gesso que protegia uma das pernas e pedir para jogar. Jogou, venceu e foi o melhor em campo.
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Inesquecíveis (3)
A elegância de Sergio Lopes em campo pelo Figueirense. A raça de Orivaldo pelo Avaí, jogador que mais vezes autuou no clássico. O mesmo que o técnico Valter Miraglia quis tirar do time para escalar Paulo Henrique, que tinha vindo do Flamengo, e a imprensa não permitiu, fazendo uma grande campanha em favor do manezinho.
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Inesquecíveis (4)
Alguém viu um jogador mais clássico que o zagueiro Veneza, do Avaí? E a raça do zagueiro Maneca, também do Ava)? Quem pode esquecer Souza e Moacir, um foi para o Flamengo e o outro para o Fluminense. Formaram a dupla de meio-campo no Figueirense.
Claro, alguém ao ler essas lembranças deve estar pensando: “Isso era no tempo do arco da velha”. E era mesmo. As chuteiras eram de bico duro. Caneleira, nem pensar. Concentração não existia. Treino, uma vez por semana. E jogavam muito futebol.
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A história que vivi
Era o clássico que decidia quem iria para o Campeonato Nacional. Minha primeira narração na TV com equipamentos em cores. Por conta de alguns comentários durante a semana, houve uma ameaça de morte feita por um torcedor do Avaí. Estava incomodado com elogios ao time do Figueirense. O presidente da TV, Darci Lopes, e eu fomos ao comando da PM pedir proteção. Preocupado, o coronel Julio Bazadona Dutra determinou a presença de um segurança.
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Não havia cabine. Estávamos na arquibancada coberta, com uma corda cercando os equipamentos, eu e o Darci Lopes, o câmera e o segurança – hoje coronel Máhus, da reserva da PM, que mais tarde foi presidente do Conselho Deliberativo do Paula Ramos. Lotação no estádio, mas nada aconteceu.
Descobri mais tarde que Felinto Bastos, irmão do Fernando Bastos, foi o autor da brincadeira, para saber se eu tinha coragem de ir ao clássico e fazer a transmissão. Foi um susto. Ao saber da história, Fernando deu gostosas gargalhadas: “Aquilo não mata nem uma mosca”.
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Giro Total
> No último clássico disputado no Estádio Adolfo Konder, o zagueiro Carlos Roberto, do Figueirense, foi ao ataque e percebeu a zaga do Avaí em linha. O campo estava um lamaçal. Ele deu um leve toque pelo alto e foi ao encontro da bola. A defesa parou, ele passou pelo goleiro do Avaí e marcou um golaço inesquecível.
> Em 1975, na decisão estadual no Estádio Orlando Scarpelli, Zenon levou a bola para a direita, driblou Casagrande e Orcina, zagueiros alvinegros, e colocou a bola na cabeça de Juti, que marcou o gol do título.
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> O clássico inesquecível foi parcialmente jogado em 31 de março de 1971. O árbitro Gilberto Nahas expulsou os 22 jogadores. A partida era uma homenagem aos militares e contava com a presença do almirante comandante do 5º Distrito Naval nas tribunas.
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