Uma bola, 11 jogadores de cada lado e um objetivo: marcar o gol. A regra 10 do futebol diz que “a equipe que marcar maior número de gols durante a partida será a vencedora”. É por conta disso, que lá na infância, quando damos os primeiros chutes em uma bola, a imensa maioria tem em mente o mesmo sonho: atacar e fazer gols.
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E não foi diferente com um garoto nascido em Bento Gonçalves (RS), cidade da Serra Gaúcha, em 17 de fevereiro de 1992. Entre um chute e outro, o pequeno Andrei Girotto tinha em mente se tornar um atacante de sucesso. E foi com esse sonho que, ainda adolescente, deixou a família e mudou-se para Blumenau, para atuar nas categorias de base do Metropolitano.
Com a camisa do Verdão do Vale do Itajaí, o garoto de 1,86 metro mostrou talento e desenvoltura com a bola nos pés. Entre 2009 e 2011, disputou 31 jogos pelas equipes Sub-17 e Sub-20 do Metrô como atacante, onde marcou 10 gols e deu cinco assistências. O desempenho na base lhe rendeu uma vaga no time profissional.
Antes de seguir, peço licença ao leitor para destacar uma frase do naturalista britânico Charles Darwin. O pai da Teoria da Evolução disse: “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”. Andrei exemplifica a teoria em campo.
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A aplicação tática e o porte físico do garoto de 19 anos chamaram a atenção da comissão técnica do Metrô, à época. Nas mãos de Cairo Lima, treinador do time Sub-20, e César Paulista, comandante do time profissional, o jovem viveu um momento de transformação. Cairo e César foram meio-campistas quando jogadores, e viram em Andrei versatilidade para cumprir outras funções em campo:
– Ele tinha um bom chute de fora da área, alto, bom no cabeceio. Era um cara que marcava muito bem e tinha versatilidade para jogar no meio-campo – recorda Cesar Paulista.
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E foi assim que Cesar lançou o garoto como volante para disputar o Campeonato Catarinense de 2012. Andrei havia virado Girotto e dava o primeiro passo dele na linha de evolução como jogador. Ele continuou no Metrô até a temporada seguinte. O desempenho no Estadual de 2013 chamou a atenção de equipes de outras divisões do futebol brasileiro e ele transferiu-se para o América-MG.
Defendeu o time mineiro na Série B do Brasileiro de 2013 e 2014. As boas atuações lhe renderam uma transferência para o Palmeiras em 2015. Com a camisa do time paulista, conquistou a Copa do Brasil.
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– Foram dois grandes saltos na minha carreira. Tive que provar aos poucos meu valor para poder jogar. No Palmeiras, não joguei no começo e isso dificultou a minha adaptação. Mas logo consegui conquistar meu espaço e foi uma grande experiência – afirma Andrei.
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De São Paulo, o jovem atravessou o mundo aos 24 anos e foi atuar no Japão na temporada seguinte. E 2017, fez parte do elenco que começou a reconstrução da Chapecoense após a tragédia aérea na Colômbia.
– Fiquei na Chape por seis meses, e parece que foi um dos clubes que eu mais joguei. Foi tudo muito intenso – relembra o atleta.
Um novo desafio no Velho Continente
As boas atuações pelo Verdão do Oeste lhe renderam uma nova transferência internacional, dessa vez para a Europa. Desde 2018, ele veste o verde-amarelo do Nantes, da França. E na terra de Napoleão Bonaparte, Girotto escreve novas páginas de conquistas e evoluções. Sob comando do argentino Claudio Ranieri, seguiu como volante. Por orientação do técnico bósnio Vahid Halilhodzic passou a atuar como zagueiro.
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A consolidação como defensor central veio com o treinador francês Christian Gourcuff.
– Logo no primeiro treino, ele me chamou para conversar e perguntou se eu queria jogador como zagueiro. Eu aceitei – conta o jogador.
Além de aprimorar as qualidades de volante, ele diz que a dupla formada com o francês Nicolas Pallois tem sido muito importante na transição para defensor central.
– Ele foi um grande amigo, que me ajudou muito – complementa Andrei.
A evolução de Andrei Girotto
Na base do Metropolitano, entre 2009 e 2011, disputou 31 jogos, marcou 10 gols e deu cinco assistências atuando como atacante, conforme dados da empresa que agencia o atleta.

Em 2012, com o técnico César Paulista, Andrei passa a atuar como volante e atua pelo time de Blumenau até o fim do Campeonato Catarinense de 2013, antes de se transferir para o América-MG.
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Como volante, o jovem jogador atua por duas temporadas no time mineiro, onde chegou a ser eleito como revelação do Campeonato Mineiro em 2014. O bom desempenho pela equipe de Belo Horizonte, sobretudo na Série B do Brasileiro, chamou a atenção do Palmeiras.

Atuando no meio-campo, Andrei ajuda o Palmeiras a conquistar o título da Copa do Brasil, com direito a gol importante no duelo contra o Internacional, na fase de quartas de final. O gol de Andrei decretou a vitória no jogo de ida, em São Paulo, por 3 a 2.
Após levantar a taça da Copa do Brasil, Andrei embarcou no avião e foi atuar no outro lado do mundo para jogar no Japão.

Por uma temporada, defendeu as cores do Kyoto Santa, do Japão. Disputou 39 partidas e marcou cinco gols, atuando no meio-campo. Na temporada seguinte, retornou ao Brasil para defender a Chapecoense.
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Andrei integrou o grupo que iniciou o processo de reconstrução da Chapecoense, após o acidente aéreo na Colômbia, em novembro de 2016. Pelo time do Oeste, atuou em 45 partidas e marcou seis gols, ainda atuando como volante. O desempenho pelo time do Oeste do Estado lhe rendeu uma nova oportunidade fora do Brasil, na França.

Em 2018, ele foi negociado com o Nantes, tradicional time do futebol francês. Por lá, começou a ser testado na posição de zagueiro, e desde então vem se destacando como defensor central.
“Sou o zagueiro que sou hoje, por todas as experiências que tive nesses anos jogando”
Perto de completar 30 anos, Andrei é bem ciente de que o momento que vive hoje é resultado de tudo o que já viveu em campo e fora dele nas andanças pelo mundo da bola. Questionado pela reportagem sobre um exercício de imaginação, do que ele diria ao Andrei de 17 anos a partir do que já viveu na carreira, não titubeou:
– Que ele mudasse logo para zagueiro (Risos). Mas seu que sou o zagueiro que sou hoje, por todas as experiências que tive nesses anos jogando. Hoje, sou um jogador mais calmo dentro de campo, algo que aprendi com o passar do tempo – disse o jogador.
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Admirador dos zagueiros Marquinhos e Thiago Silva, Andrei sonha em vestir outra camisa verde-amarela.
– Sei que com quase 30 anos, fica mais difícil. Mas é um sonho (defender a Seleção Brasileira). O importante é continuar a fazer um ótimo campeonato e um bom trabalho, para almejar mais um grande passo ainda na minha – projeta, mirando a transferência para um grande clube europeu, assim como também não descarta o retorno ao futebol brasileiro.
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Até lá, Andrei prepara-se para mais um passo na escala de evolução, o de ser pai. A esposa dele, Julie, está grávida. O casal espera por gêmeas, duas meninas, que devem vir ao mundo no início de junho.
Mais gols do que o Neymar no ano
Andrei Girotto vive uma fase artilheira nesta temporada. Até a publicação desta reportagem, o camisa 3 do Nantes havia marcado pelo menos cinco vezes na Ligue 1, mais do que Neymar (três gols) e Gerson (três gols), estrelas de PSG e Olympique de Marselha, respectivamente. O jogador revelado pelo Metropolitano está atrás apenas de Lucas Paquetá na relação dos artilheiros brasileiros no Campeonato Francês: o meia do Lyon e da Seleção Brasileira, com sete gols.
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Andrei celebra a fase artilheira e o fato de ter mais gols que Neymar, mas destaca que o principal objetivo é fazer com que o time tenha uma boa temporada defensivamente:
– Estou sendo muito feliz em ter marcado cinco gols nesta temporada. Mas o importante é que defensivamente estamos fazendo um ótimo ano. Esse é o meu objetivo – pontua.
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Até a publicação desta reportagem, o Nantes ocupava a 9ª posição na tabela de classificação, com 32 pontos em 22 jogos. O time de Blumenau tem um percentual do chamado mecanismo de solidariedade da Fifa por vendas do jogador. Em qualquer transação envolvendo Girotto, o Metrô receberá 1,7% do valor negociado.
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