É difícil estabelecer um paralelo entre a Europa e a América do Sul no futebol sem cometer alguns equívocos, mesmo sendo uma visão que muitos podem achar superada. Pois, se eles vieram buscar subsídios e material humano no Brasil, para estabelecer formas que chamam de moderna, porque ficamos atrás se o conteúdo é nosso?
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Salvo algumas exceções, os grandes jogadores que estão por lá foram levados daqui: Jorginho, Neymar, Gerson, Paquetá, Thiago Silva, Philippe Coutinho… e não vou muito longe no passado, lembrando de Romário, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno, Roberto Carlos, Kaká, entre outros.
Querem mais? Bem, aqui já é uma geração mais atrás, exatamente a que abriu o mercado internacional: Didi, Canário, Romero e Evaristo Macedo fizeram história no futebol espanhol. E qual foi mesmo o grande jogador da Itália nos anos 1950? Julinho Botelho, que foi criado na Portuguesa de Desportos e jogou muito no Palmeiras, atuou na Copa do Mundo de 1954 e foi o primeiro brasileiro que se tornou ídolo na Fiorentina. Em seguida, Amarildo, do Botafogo, o substituto de Pelé na Copa do Mundo de 1962, jogou no Milan, Fiorentina e Roma. E o Príncipe Falcão na Roma? E nem falei de Altafini, o Mazolla, que depois da Copa de 1958 foi para a Itália e nunca mais voltou.
> Os grandes estão cedendo terreno
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A Europa viu o futebol crescer com a chegada dos brasileiros, em épocas distintas. É claro que nasceram ótimos jogadores, que juntamente com os sul-americanos que lá aportaram, aumentaram o poder técnico dos europeus, que foram se atualizando.
Considerado o maior jogador da história do Real de Madrid, Di Stéfano era argentino. No Barcelona, Lionel Messi, na Itália, além dos que citei de gerações passadas também tivemos Maradona e Careca, no Napoli. E Zico na Udinese? Todos sul-americanos.
Nos anos 1960, o Santos de Pelé foi bicampeão mundial de clubes em cima do Benfica e do Milan. Hoje, desdenhamos o futebol brasileiro, valorizando a Europa, que lapidou os nossos craques, deu-lhes condição física e ganha tudo. Semana passada vimos o Chelsea vencer o Palmeiras e ser enaltecido, como se tivesse jogado uma partida extraordinária.
Guardiola hoje comandando o Manchester City deu declarações indiretas menosprezando o futebol brasileiro. Jorginho, aqui de Imbituba e naturalizado Italiano, apressou-se em elogiar o Verdão. O Chelsea pode ter um potencial superior ao Palmeiras na estrutura, finanças, patrimônio, sei lá. Mas no campo, o futebol brasileiro deu o recado. Irrita-me ver a valorização excessiva da Europa em detrimento do nosso futebol.
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Hoje é necessário reconhecer que os clubes da Inglaterra deram um salto de qualidade, junto com a Alemanha. Espanha e Itália ficaram mais abaixo, mas ainda são potências respeitáveis. A Bélgica cresceu e até a Croácia tem bom futebol, sem falar na França. Fruto de organização e gestão. O futebol brasileiro caiu, mas não dá para desprezar a importância mundial.
> O que gostei e que não gostei no Estadual
Projeto?
Fala-se muito no momento do Hercílio Luz no futebol catarinense. Contratações, planejamento, comissões, o novo Hercílio Luz é baseado em projetos que incluem inclusive a construção do novo estádio. Vejo de forma diferente mesmo, respeitando todo o trabalho do gerente de futebol, Fernando Gil.
O que está sustentando o novo momento são os resultados de campo. E o mérito está na montagem do time que é bom. Sem vitórias, nenhum projeto se sustenta.
> Um ano de esperança para o futebol de Santa Catarina
E o futebol?
Tecnicamente o Campeonato Catarinense está muito abaixo do que desejamos. Vislumbramos pouco futuro positivo. A primeira fase do Estadual é pobre não só no campo, como na presença do público. Em 2022 tivemos até agora a decisão da Recopa Catarinense, com o clássico na Capital, que superou a casa dos 10 mil presentes. No campeonato, para passar dos 3 mil torcedores nos estádios está muito difícil. Alguém me disse: “Te conforma cara. Esta é a nossa realidade”.
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Não aceito
Não posso concordar com uma realidade tão baixa do nosso futebol, se já tivemos quatro representantes na elite nacional. Já fomos campeões e vice da Copa do Brasil, e também vencemos as Séries B, C e D do Brasileiro. Alguma coisa está acontecendo. Problemas financeiros todos os clubes têm.
Ninguém desaprendeu a jogar futebol, a queda técnica está muito acentuada e quem teve um pouco de organização, com uma visão de futebol mais clara, se ajeitou. É o caso de Hercílio Luz, Concórdia, Camboriú, Brusque, entre outros. Prefiro acreditar que parte do problema está nas gestões administrativas, que levaram alguns clubes no país à bancarrota.
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Na Suíça
A União das Federações Europeias de Futebol (Uefa) chamou o árbitro Ramon Abatti Abel para um treinamento no fim de março na Suíça. Esse treinamento ocorre a cada dois anos, é denominado “Core 52” e serve para demonstrar o potencial de profissionais da arbitragem de federações nacionais para alcançar o quadro da Fifa.

Abatti foi o único brasileiro selecionado. Um passo à frente na carreira do árbitro que tem se destacado no cenário nacional e está fazendo por merecer este convite e uma possível chegada ao quadro da Fifa.
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Giro Total
> Finalmente o futebol está dando valor ao trabalho de Raul Cabral, o técnico do Hercílio Luz.
> O inteligente e comunicativo repórter Marcelo Siqueira está arrebentando no Globo Esporte, com o quadro “O inverso da bola”. Criatividade e qualidade.
> E o Próspera, hein? Sabia que disputaria a Série A do Campeonato Catarinense e não preparou o Estádio Mario Balsini. Está preambulando pelo Estado para jogar. Isso é muito ruim.
> Júnior Rocha, técnico do Figueirense, precisa cuidar um pouquinho mais em suas coletivas pós jogo; “Enquanto eu estiver aqui o meu goleiro é Rodolfo Castro”. Tira qualquer possibilidade de motivação do reserva imediato.
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> Pessoal, deem uma olhada na equipe de Blumenau, com ótimos jogos na Superliga. Orgulha Santa Catarina. Estamos no G-4.
> Depois do projeto Basquete transforma, da NSC, tenho visto praças cheias nos finais de semanas com jogos da modalidade. A Praça Nossa Senhora de Fátima, no Estreito, dá gosto de ver.
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