Os acampamentos bolsonaristas instalados em frente às unidades das Forças Armadas passaram a ser desocupados nesta segunda-feira (9) em todo o país, o que inclui Santa Catarina. O desmonte geral ocorre no dia seguinte aos ataques de golpistas às sedes do três Poderes, em Brasília, e em cumprimento a uma determinação do ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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O magistrado deu 24 horas para que fossem encerradas as mobilizações nas imediações dos quartéis generais e de outras unidades militares. A decisão também previu que a Polícia Militar (PM) atuasse em cada Estado na retirada dos grupos e, se necessário, contasse com apoio da Força Nacional, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal (PF). Quem participa desses atos ainda pode ser preso “pela prática dos crimes de atos terroristas, inclusive preparatórios”.
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Desmobilização em SC
Em Santa Catarina, a PMSC anunciou, em nota divulgada pelo governo estadual no meio da tarde, que monitorava todos os pontos com possibilidade de ação dos bolsonaristas e que negociava com eles a retirada dos acampamentos naquela altura.
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“Até o momento a situação é de tranquilidade em todos os pontos. Os comandantes regionais da corporação estão orientados para tomarem as medidas legais e cabíveis”, divulgou.
O posicionamento foi dado horas depois de uma reunião entre o comando da PMSC e Jorginho Mello (PL) em que alinharam a atuação na retirada. Mais tarde, o governador viajou à Brasília para se reunir com os chefes de outros Estados e o presidente Lula (PL), também em resposta aos ataques.
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Em Joinville, a PM começou a desmobilizar o acampamento bolsonarista montado em frente ao Batalhão do Exército ainda durante o período da manhã. Na ocasião, a corporação informou que a ordem de Moraes seria cumprida.
Em Blumenau, o acampamento de motivação golpista montado em frente ao 23° Batalhão de Infantaria, no Garcia, começou a ser desmontado por volta das 16h30. Horas antes, uma jornalista precisou ser escoltada após bolsonaristas atacarem a equipe de reportagem da qual ela fazia parte.
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Já em Florianópolis, um dos acompanhamentos mais longevos no Estado, em frente ao 63º Batalhão de Infantaria do Exército, no bairro Estreito, foi desmontado por volta das 16h. A retirada da estrutura também foi acompanhada pela PMSC, que isolou a faixa de trânsito mais à direita no local para facilitar a desmobilização do ato golpista e evitar acidentes.
Nas redes sociais, os organizadores do acampamento anunciaram, ainda assim, que seguirão indo ao local, mesmo que não mais amparados pela estrutura das tendas.
À reportagem, a PMSC comunicou, no entanto, que vai acompanhar a mobilização dos bolsonaristas para evitar uma nova acomodação nos mesmos locais. A corporação acrescentou ainda que todo o desmonte foi feito sem uso da força e que isso se estendeu a todo o Estado, incluindo acampamentos em cidades como Itajaí e Brusque, que também eram mantidos desde o segundo turno das eleições de 2022.
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Desmonte em Brasília
No início do dia, já havia sido desocupado pelas forças de segurança o acampamento instalado em Brasília. De acordo com o Ministério da Defesa, 1.200 pessoas foram detidas no quartel-general do Exército. Os golpistas foram então levados para a sede da Polícia Federal em cerca de 40 ônibus e ficaram alocados em um ginásio da instituição, onde passariam por uma triagem.
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Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), 300 pessoas foram encaminhadas ao Departamento de Polícia Especializada (DPE) no domingo. Foram efetivamente presos 204 indivíduos por envolvimento nos ataques. Nesta segunda, os detidos começaram a ser encaminhados para o Complexo Penitenciário da Papuda e para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF).
Insatisfeitos com a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas, seguidores do ex-presidente emendaram uma série de outros atos antidemocráticos no país antes dos ataques em Brasília. Em Santa Catarina, houve bloqueios em rodovias que se estenderam por pelo menos uma semana.
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