Anita Garibaldi foi guerreira, mãe, esposa, republicana e corajosa. A história de vida dessa heroína preenche livros, exposições e o imaginário coletivo da sociedade mundial. O que pouca gente se dá conta é que os principais feitos se passaram em um período de 10 anos. Em 1839, Ana Maria se juntou a Garibaldi e embarcou em um navio revolucionário em Laguna para lutar pelos ideais republicanos. Em 1849, ela faleceu na Itália. São as batalhas entre essas duas datas que carimbaram Anita nos livros de história.
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Até depois do seu falecimento, Anita continuou fazendo história e foi sepultada sete vezes, nenhuma em Santa Catarina, seu Estado de origem. O começo do fim de Anita se passa em Roma. Em junho de 1849, seu marido Giuseppe Garibaldi comandava a defesa da República, enquanto a cidade estava sitiada por franceses e austríacos. Sabendo sobre a situação, Anita se vestiu de homem, cortou o cabelo e, grávida de seis meses, passou por território inimigo até encontrar as tropas e Giuseppe em Roma.
Os republicanos perderam e precisaram sair de Roma. Alguns soldados continuaram atrás de Garibaldi na guerra contra “o estrangeiro”, Anita foi um deles. Mais de um mês se passou e as tropas batalhavam para chegar até Veneza. No caminho, Anita adoeceu. Com febre e grávida, a revolucionária continuou desafiando os limites do seu corpo para estar ao lado do marido defendendo a república. Em 4 de agosto de 1831, em uma fazenda em Mandriole, Anita não resistiu e faleceu grávida do seu quinto filho com febre tifóide. Ela tinha apenas 27 anos, dos quais 10 foram vividos em batalhas com Giuseppe.
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Garibaldi queria dar a Anita um enterro digno, mas estava fugindo das tropas austríacas e não podia ficar muito tempo naquela fazenda. Ele saiu de Mandriole correndo. O corpo de Anita foi arrastado com uma corda no pescoço e enterrado às pressas, por medo de contágio da doença e pelo temor às tropas austríacas, em uma cova muito rasa. Esse foi o primeiro sepultamento de Anita.
Dias depois, uma menina passando pelas redondezas viu uma mão para fora da terra. Os restos mortais de Anita não foram reconhecidos e ela foi enterrada no cemitério de Mandriole como uma pessoa desconhecida. Autoridades locais achavam que a mulher havia sido enforcada, devido às marcas no pescoço, e abriram um inquérito para investigar. Os moradores começaram a comentar sobre o corpo, que era de Anita, e chamaram atenção dos austríacos. Grupos garibaldinos, com medo de que raptassem os restos mortais da heroína, sepultaram o corpo de Anita, pela terceira vez, em um local desconhecido.
O quarto enterro aconteceu quando o padre Francesco Burzatti descobriu o ocorrido e pediu o corpo de volta para ser sepultado dentro da igreja, em uma nova sacristia. 10 anos depois, quando Garibaldi foi anistiado por Piemonte, ele resolveu cumprir a promessa de um enterro digno para Anita. O revolucionário levou os restos mortais da esposa até Nice, onde estava enterrada a sua mãe, que morreu em 1852. No caminho, ele usou o corpo da mulher para incentivar o povo italiano a lutar pela unificação. Só depois de 20 anos da morte da heroína de dois mundos, em 1870, que a Itália conseguiu a unificação.
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Nice, onde a família de Garibaldi estava enterrada, passou a ser domínio da França. Assim, em 1931, Benito Mussolini resolveu repatriar os restos mortais de Anita. A França autorizou a retirada do corpo da catarinense de Nice, mas o monumento em que ela seria enterrada na Itália ainda não estava pronto. Com medo de a França voltar atrás, Mussolini pegou os restos mortais de Anita e enterrou em Gênova, no Cemitério de Staglieno, em um território sob a jurisdição dele.
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Em 1832, o monumento em homenagem a Anitta, na Passeggiata del Gianicolo, em Roma, ficou pronto e, em uma grande cerimônia, os restos mortais da republicana foram colocados embaixo da construção. Esse foi o sétimo e último sepultamento de Anita, que até hoje está enterrada na Itália e ganha as lembranças como a heroína dos dois mundos.
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