As principais festas de Carnaval de SC foram canceladas nos últimos dias. Municípios como Florianópolis, Balneário Camboriú e Itajaí cancelaram os eventos públicos para evitar aglomerações que possam agravar o novo surto de Covid-19. Mas a agenda de shows previstos para a temporada de verão nessas mesmas cidades segue praticamente sem alteração, apesar do aumento de casos e de procura por atendimento de saúde.

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Florianópolis tem balada lotada e fila na saúde em meio a surto de Covid-19; veja vídeo

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Shows nacionais com atrações como Thiaguinho, Maiara e Maraísa, Anitta, Alexandre Pires e Bruno e Marrone estão previstos nesses locais, somente para o mês de janeiro. Os eventos são permitidos pelas regras atuais de combate à pandemia em SC. Um decreto publicado pelo governo do Estado em 22 de dezembro permite a realização desses eventos e passa aos municípios a responsabilidade de autorizá-los e de fiscalizar os cuidados contra a Covid.

As normas do chamado “Evento seguro”, como exigência de vacinação ou teste negativo para Covid em eventos com mais de 500 pessoas, passaram a ser apenas uma recomendação por parte do Estado. No entanto, em muitos casos se tornaram obrigações pelos municípios. Em Florianópolis, por exemplo, há cobrança de comprovante de vacinação para entrada nos shows e cuidados como uso de máscara, álcool gel e distanciamento no interior das casas.

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Se no papel há algumas regras básicas para o funcionamento de shows e eventos, na prática há dificuldade em monitorar se os estabelecimentos seguem as recomendações para tentar reduzir o risco de contágio.

A reportagem questionou as prefeituras se estudam adotar novas restrições e como pretendem fiscalizar o cumprimento dessas normas, algumas delas de difícil adesão em ambientes de shows e baladas, como o uso de máscara.

A Secretaria de Saúde de Florianópolis respondeu apenas que “os eventos devem seguir os decretos vigentes e estão sendo fiscalizados”, sem dar detalhes de como ocorrem as ações.

Um vídeo de uma festa na madrugada desta sexta-feira em um clube de Florianópolis mostra o espaço lotado e praticamente nenhuma utilizando máscara no local, como deveria ocorrer. À colunista da NSC, Dagmara Spautz, o município informou que recebeu denúncias e vai notificar a casa.

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Até o momento, o único motivo que tem causado adiamento de shows têm sido casos positivos de Covid dos próprios artistas ou de suas equipes. Nesta sexta-feira, um show do cantor Lucas Lucco em Itajaí foi adiado depois que o cantor e a equipe dele apresentaram sintomas gripais e precisaram ficar em isolamento (veja postagem abaixo). A cantora Simaria também testou positivo para Covid e não vai participar de um show previsto para esta sexta-feira (7), em Florianópolis. A irmã dela, Simone, teve resultado negativo para a doença e vai se apresentar normalmente.

Em outros locais, como o litoral paulista, shows de outros artistas também já foram cancelados devido a casos positivos de Covid em artistas ou equipes técnicas.

Florianópolis teve polêmica em show de Gusttavo Lima

Florianópolis já teve uma polêmica recente envolvendo um show no final de dezembro, após uma apresentação do cantor Gusttavo Lima no Estádio Orlando Scarpelli. O evento reuniu mais de 20 mil pessoas. A secretaria de Saúde de Florianópolis informou que monitorou o acesso do público e que regras como a exigência de vacinação foram cumpridas pela organização.

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No entanto, esta semana o município anunciou que abriu um processo administrativo e que irá aplicar uma “multa pesada” à produção do show. Isso porque o público não teria utilizado máscaras no interior do estádio, uma exigência municipal. Os organizadores alegam que cumpriram todas as regras sanitárias.

Itajaí diz fiscalizar e recomenda evitar aglomerações

A prefeitura de Itajaí também respondeu que os eventos devem seguir normas que já vinham sendo cobradas pelo Estado, como uso de máscara, distanciamento, comprovante de vacinação e plano de contingência.

O município afirmou que tem fiscalizado presencialmente os estabelecimentos e que “todas as casas de eventos que descumprirem as regras estão sujeitas às sanções previstas na legislação vigente”.

“Recomenda ainda que neste momento a população evite aglomerações e reforce os cuidados sanitários de prevenção ao coronavírus e outros vírus respiratórios em função do aumento de casos da doença em todo país”, informou a prefeitura, em nota.

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A reportagem questionou a prefeitura de Balneário Camboriú, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Estado não descartou mudanças em caso de agravamento

Show em Florianópolis causou polêmica pela aglomeração sem uso de máscara
Show em Florianópolis causou polêmica pela aglomeração sem uso de máscara (Foto: Reprodução)

Até o final de dezembro, o governo do Estado era o responsável por delimitar as restrições a que shows e eventos precisavam se submeter. À reportagem, a assessoria da Secretaria de Estado da Saúde reforçou as recomendações do chamado protocolo “Evento Seguro” e disse ter uma “responsabilidade compartilhada com os municípios”. “A Secretaria de Estado da Saúde segue monitorando de forma contínua o cenário epidemiológico de cada região e em havendo mudança que indique um agravamento da situação, nós prontamente agiremos de forma a proteger à saúde da população catarinense”, afirmou, em nota, o secretário André Motta Ribeiro.

Setor diz que restrição “não é razoável” no momento

O setor de eventos prega cautela e resiste a novas restrições neste momento. O presidente nacional da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), Doreni Caramori Jr, afirma que o setor tem acompanhado a evolução da pandemia no Brasil e em outros países, mas diz que a situação atual de ocupação de leitos e óbitos não justificaria novas limitações para festas e shows.

— Não parece razoável neste momento uma política de restrição, impondo ônus a um setor que já foi tão prejudicado. É hora de acompanhar o que ocorre aqui e no mundo, acompanhar e esperar — sustenta.

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Ele defende que o contágio decorre do convívio social existente em diversos tipos de ambientes e que, por isso, seria preciso olhar para todos os estabelecimentos.

— Desde setembro houve milhares de shows e eventos de grande proporção no país, como Fórmula 1, e os indicadores seguiram caindo. A alta de casos não é decorrente de eventos, é decorrente de uma nova cepa — defende.

O empresário diz que a atual temporada de shows durante o verão ajuda na ocupação de hotéis e em outros setores do turismo neste verão. Além disso, cumpre também um papel de afirmação da retomada dos eventos, com geração de oportunidades para profissionais que ficaram parados por um ano e meio.

“Seria prudente que fossem transferidos”, diz especialista

O aumento expressivo de casos de Covid que o Estado vive nos últimos dias faz com que as aglomerações em shows se tornem um risco muito grande de transmissão. A avaliação é do infectologista e professor do curso de Medicina da Univille, Tarcisio Crocomo. Segundo ele, assim como nas festas de Carnaval, é muito difícil controlar esses ambientes e evitar que as pessoas se aproximem. Por isso, na análise dele, o setor público deveria rever as regras de autorizações neste momento.

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— As premissas de contaminação são as mesmas, exigem respeito ao distanciamento, uso de máscara, mas os números são muito alarmantes. Penso que seria prudente que esses eventos fossem transferidos. Poderiam ficar para outra oportunidade, em que será possível fazer isso com mais segurança — defende.

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