As gêmeas trans Sofia Albuquerck e Mayla Phoebe, de 19 anos, nasceram na cidade de Tapira, em Minas Gerais, com sexo biológico masculino. Na última semana, em Blumenau, em um caso raro na medicina, as irmãs realizaram juntas a cirurgia de redesignação sexual.

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Sofia é estudante de Engenharia Civil, já Mayla está no terceiro ano de Medicina. As irmãs possuem muitas coisas em comum. Além dos traços físicos, desde muito pequenas buscavam a identificação de gênero. Aos 15 anos, iniciaram o tratamento hormonal com anticoncepcional e como parte do processo de mudança de sexo, há dois meses colocaram prótese de silicone.

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Mayla conta que muito cedo já se identificavam como meninas, mas os pais a criavam com gênero masculino.

— Sempre tivemos muito apoio dos nossos pais, mas eu entendo eles, porque na verdade eles tinham medo do que a sociedade iria pensar e o quanto poderíamos sofrer com isso.

Antes de realizarem a cirurgia, as gêmeas revelam que tiveram períodos muito difíceis. Mesmo recebendo todo apoio dos familiares, ambas tentaram em determinado momento tirar a própria vida.

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— Já tive uma tentativa de suicídio por causa de bullying na escola — conta Sofia.

O apoio familiar, assim como o psicológico recebido antes dos processos cirúrgicos, foi fundamental na vida das gêmeas. Foi com o dinheiro da venda de uma casa, que era usada como fonte de renda da avó materna, que Sofia e Mayla conseguiram realizar a cirurgia de mudança de sexo na clínica de Blumenau.

As jovens descrevem a redesignação sexual como algo libertador.

— Parece que estava presa a algo que não me identificava e que agora me sinto livre, sem um peso para carregar, sabe? Mais solta. Sinto vontade de viver — desabafa Sofia.

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Sofia e Maya foram operadas pelos médicos José Carlos Martins Junior e Cláudio Eduardo, que comandam a Transgender Center Brazil, única clínica do país especializada em cirurgia trans e feminização facial, com sede em Santa Catarina.

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Como a maioria das jovens, sonham em concluir a faculdade e ser bem sucedida profissionalmente.

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— Quero terminar minha faculdade e investir nela. Ter minha própria empresa — conta Sofia.

Maya sonha ser cirurgiã, inclusive já recebeu a proposta de um estágio com o médico que as operou.

— Agora meu sonho é conseguir uma transferência da minha faculdade para cá.

Recuperação

cirurgia
Procedimento cirúrgico de ambas durou 4h40min (Foto: Alex Ferrer, divulgação)

Mayla foi operada na quarta-feira, 10, e Sofia na quinta-feira, 11, as duas já receberam alta, mas seguem em Santa Catarina por mais alguns dias. A mãe que as acompanhou já retornou para Minas Gerais. As duas estão muito felizes e realizadas com o procedimento.

Mayla conta que não está sentindo dor, apenas um incômodo pelo uso da sonda urinária, que deverá ser retirada em alguns dias. O incômodo nesse processo, segundo ela, foi a revelação de seus nomes antes de poderem se pronunciar.

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— Infelizmente um pessoa que eu gostava não aceita minha condição e acabou descobrindo antes que eu pudesse explicar algo.

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Sobre a exposição do caso, Sofia diz que irá aproveitar para ajudar outras pessoas na mesma condição.

— Quero ser uma figura pública de exemplo. E ajudar outras garotas trans a serem elas mesmo. Muita gente desconhece sobre o assunto e precisamos acabar com essa homofobia.

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