O governador do Rio Grande do Sul e pré-candidato à presidência da República em 2022, Eduardo Leite, criticou o governo de Jair Bolsonaro e disse que, apesar de ter declarado voto no atual presidente no segundo turno das eleições em 2018, não fez campanha nem pediu votos para o então candidato do PSL porque ele não representava o que ele pensa “para o mundo, para a política e para a sociedade”.
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A escolha de voto em Bolsonaro, que até hoje rende críticas ao governador gaúcho, ocorreu segundo ele porque do outro lado do segundo turno estava o projeto do PT, “que economicamente tinha quebrado o Brasil”.
– Infelizmente Bolsonaro também não está sabendo dar essas respostas ao país. A inflação cresceu mais no Brasil que em qualquer lugar do mundo, tirando poder de compra da população mais pobre, para colocar comida na mesa. Desemprego em alta. E não adianta culpar a crise mundial porque nos outros países a inflação não subiu tanto quanto no Brasil – avaliou.
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Eduardo Leite deu entrevista na manhã desta quarta-feira (25) à CBN Diário e ao Diário Catarinense, da NSC Comunicação. Ele foi o quarto entrevistado da série de pré-candidatos à presidência em 2022. João Doria (PSDB), que disputa com Leite a preferência do partido para a disputa, Lula (PT) e Luiz Henrique Mandetta (DEM) foram os outros três entrevistados.
Assista à entrevista na íntegra
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“Qual agenda o presidente leva adiante?”
O governador gaúcho criticou o governo Bolsonaro, a aproximação dele com o Centrão no Congresso, o desmonte da Lava-Jato e disse que o presidente “não atendeu às expectativas da população”.
– Prometia ser diferente de tudo que se tinha visto até então, e não é isso que está acontecendo. A gente está vendo as negociações, entregando o governo completamente ao chamado Centrão sem um projeto de governo, só com um projeto de poder. A negociação política é legítima, mas em torno de quê? Qual a agenda que o presidente leva adiante? – questionou.
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O governador afirmou que a desvalorização do real é “fruto dessa política de tensionamento e de acirramento dos ânimos” e que democracia também significa que os eleitos devem conviver com a contestação.
– A contestação pode vir no Parlamento, no Judiciário, na imprensa, que deve ser livre, pela população em manifestações. O presidente ataca todos esses espaços. Ataca a imprensa, ataca o Parlamento, o Judiciário, e diante da perspectiva de ser contestado pela própria população nas urnas, ele ataca as urnas – criticou.
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Críticas a Lula e ao PT
Apesar do tom contrário ao governo Bolsonaro, Eduardo Leite marcou posição no disputado campo da terceira via das eleições de 2012 e não economizou nas críticas ao PT e ao ex-presidente Lula. O governador lembrou que o petista disputou todas as eleições de 1989 a 2010, e protagonizou as eleições de Dilma Rousseff em 2010 e 2014.
– Se não deixa surgir de novo nem no seu partido, o que de novo podem oferecer para o Brasil?
Ele por diversas vezes falou que o projeto econômico do PT “quebrou o Brasil” e disse que uma volta do partido ao poder teria sido danosa ao país.
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– Além de ter escândalos gravíssimos de corrupção comprovados na Justiça, (a candidatura do PT em 2018) era um projeto que economicamente tinha quebrado o Brasil. Tinha levado a 14 milhões de desempregados, à mais profunda recessão econômica de nossa história. Por um período, até gerou diminuição da pobreza e uma sensação positiva na população, mas aquela sensação positiva, aqueles ganhos econômicos foram viabilizados causando um enorme buraco no qual o país foi lançado, que foi a recessão de 2015, 2016 – analisou.
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Gestão da crise financeira no Rio Grande do Sul
O governador gaúcho comentou sobre a situação financeira crítica do Rio Grande do Sul quando assumiu o governo, inclusive com atraso de pagamentos para servidores. Ele citou ações como a reforma da previdência estadual, a reforma de carreiras como professores e policiais e um programa de privatizações. O governador também citou ter havido uma redução de R$ 700 milhões na folha de pagamento do Estado entre 2019 e 2020.
– São as nossas ações no RS que estão reorganizando o Estado e abrindo espaço para investir – afirmou.
Quem é Eduardo Leite
Eduardo Leite tem 36 anos, é bacherel em Direito e fez mestrado em Gestão e Políticas Públicas. O governador do Rio Grande do Sul começou a carreira política trabalhando com os prefeitos de Pelotas, Bernardo de Souza (PMDB) e Fetter Júnior (PP). Em 2008, foi vereador do município e, em 2012, com 27 anos, foi eleito prefeito.
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Em 2018, Leite derrotou Ivo Sartori nas eleições para governador do Rio Grande do Sul e assumiu o Executivo do estado gaúcho com 33 anos. Durante o segundo turno, o tucano declarou voto a Jair Bolsonaro, mas em 2021 disse que cometeu um erro.
Leite é o primeiro governador do Brasil assumidamente homossexual. Ele disputa com o governador de São Paulo, João Doria, o processo de prévias do PSDB para definir quem será o nome do partido na disputa para a presidência em 2022.
Faltam pouco mais de 13 meses para o primeiro turno das eleições de 2022. Habitualmente, os candidatos são definidos no começo do ano eleitoral. Em abril é a data limite para a filiação partidária e em agosto é o prazo máximo para a seleção dos candidatos nas convenções partidárias, que antecedem o início da campanha eleitoral.
A rodada de entrevistas do Diário Catarinense e da CBN DIário com os presidenciáveis já ouviu João Doria, Lula, Luiz Henrique Mandetta e, agora, Eduardo Leite. A NSC tentará conversar com todos os pré-candidatos à presidência em 2022, incluindo o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
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